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terça-feira, 4 de outubro de 2016

PEIXES DE ROLÂNDIA - PR. PARA O BRASIL

Da ova ao prato

De Rolândia, empresa de genética de tilápia firma acordo com gigante europeu para ampliar escala de produção de alevinos no País e fortalecer mercado já em crescimento



Saulo Ohara/27-09-2016
Para Ricardo Neukirchner, CEO da Aquabel, a tilápia será o "frango dos peixes"



A Aquabel planeja iniciar até o fim do ano a construção de um centro de melhoramento genético de tilápias, para se firmar como o principal fornecedor de alevinos do País e virar referência no mundo. A empresa de Rolândia fechou em abril uma joint-venture com a norueguesa AquaGen, líder mundial em seleção genética de salmão, e pretende aplicar todo o conhecimento técnico para mais do que triplicar nos próximos três anos o fornecimento de ovas fertilizadas do principal peixe do mercado brasileiro para aquicultores. 
Com produção no ano passado de 85 milhões de alevinos, a expectativa na Aquabel é passar de 100 milhões em 2016 e chegar a 300 milhões em até três anos. O objetivo é fornecer exemplares de tilápia mais resistentes a enfermidades e que cheguem mais rapidamente ao tamanho para abate, entre 800 gramas e 1 quilo. 
O Brasil tem a maior área potencial de produção do mundo, com 8,3 mil quilômetros quadrados de disponibilidade de água doce, equivalente a 12% do total. Ainda, conta com clima quente e propício para o desenvolvimento da tilápia, mão de obra disponível e produção interna dos principais insumos da ração, que são soja, milho e farinha de peixe. No entanto, a Balança Comercial aponta que o País importou US$ 1,1 bilhão em peixes, crustáceos e moluscos no ano passado, com apenas US$ 207 milhões em exportações, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). 
O mercado de tilápia interessa à AquaGen por ser considerado promissor em todo o mundo, pela possibilidade de produção global, já que o peixe se desenvolve mesmo em estufas. Os noruegueses fazem parte do EW Group, que tem mais de 80 anos e atua como líder global no mercado genético de frangos de corte, galinhas poedeiras, perus e salmões. 
CEO da Aquabel, Ricardo Neukirchner afirma que há tratativas com governadores de alguns estados, entre os quais o Paraná, para construir o centro de melhoramento. Serão de cinco a dez hectares, com 20 funcionários, geneticistas e equipe técnica, formada por brasileiros e representantes da AquaGen no Chile e na Noruega. "Estamos vendo quais dessas áreas complementam todas as necessidades de potencial de produção genética, em termos de biossegurança, de clima e de logística", diz. 
Caso o Paraná seja escolhido, a tendência é que a área seja próxima a Rolândia, onde a sede da empresa será mantida. Esse é o motivo para Neukirchner considerar o local como favorito. A Aquagen entrará com equipamentos e conhecimento de profissionais, para que a Aquabel possa produzir alevinos para aquicultores do Brasil e exportar reprodutores, que produzirão ovas em outros países. Processo que já entrou no primeiro estágio, com o uso de 50 mil chips eletrônicos para identificar cada peixe e seu genoma. "Vamos definir quais famílias têm as características genéticas mais economicamente importantes e a evolução será muito rápida. O que se levava até quatro anos para conseguirmos, talvez façamos em um ano", diz. 
Para Neukirchner, que divide o trabalho como CEO com o sócio, Cláudio Batirola, a tilápia será "o frango dos peixes". "Estará no dia a dia do consumo das pessoas. O salmão é uma indústria totalmente estabelecida, conhecida e dominada, mas está restrita a algumas áreas de produção devido a necessidades de clima", diz, ao se referir, principalmente, a águas mais frias na Noruega, no Chile e no Canadá. "A tilápia pode ser cultivada no mundo inteiro, então poderá oferecer uma proteína animal em grande escala", completa. 
A Aquabel já conta com seis unidades, em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco e Ceará, além da sede no Paraná. O CEO afirma que a intenção é que, ao longo dos anos, tenha uma filial em cada estado onde exista demanda por tilápia, para facilitar a logística. 


Empresa de Rolândia produziu 85 milhões de alevinos no ano passado

Fábio Galiotto
Reportagem Local

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