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domingo, 9 de janeiro de 2022
NOTA DE FALECIMENTO ROLÂNDIA
Os nossos sentimentos de PESAR à família.
OBS.:
O saudoso Murilo era filho da Dona Renata Ferri e Antenor Ferri. Dona Renata (falecida) era titular do Cartório de Protestos e Antenor (também falecido) foi vereador nos anos 50. deixou dois irmãos o Antenor Filho e a Sandra. Era advogado em Curitiba. Foi radialista em Rolândia nos anos 60/70. A seguir um texto de sua autoria publicado no Blog do Farina.
Comecei a trabalhar na Rádio (então Rádio Clube de Rolândia) em 1968, aos 15 anos. Havia feito um tal de “Curso Livre de Jornalismo” em Londrina e achava que com isso no currículo iria realizar meu sonho de ser jornalista. Auto confiante, consegui emprego não só na Rádio, mas também na redação do jornal semanal “A Voz de Rolândia” (meio período cada um). Registrado com salário de menor (meio salário mínimo), passei a ser responsável pela produção do noticiário da Rádio, então feito na base do “Gillette Press”. Chegava cedinho para poder gravar os noticiários da Rádio Guaíba, de Porto Alegre e o da Rádio Globo, do Rio de Janeiro. Depois, fazia um resumo de cada notícia e datilografava tudo, produzindo para o dia todo. Às 11h30m estava livre. Na época já estavam lá Ruberval Fernandes, José Carlos Men (Nhô Miranda), Rosolen, Geraldo Borges, Odair, Alberto José e os técnicos de som Carlinhos Gaffo, seu irmão carinhosamente chamado de “Preto” e Cravinho (o último, morto em um acidente com sua Lambretta). Havia mais um, que também trabalhava à noite mas cujo nome não consigo recordar. Em determinada manhã, Dr. Pincelli irrompeu esbaforido na sala em que eu trabalhava, dizendo que iria começar o horário eleitoral gratuito e que não havia locutor, pedindo-me para fazer as vezes. Assim comecei a carreira de locutor, porque gostaram de minha voz. O horário nobre de rádio é o das 8 ao meio dia e havia o “Show da Manhã”, com Odair. Foi-me dado substituí-lo, liberando-o para aventurar-se em São Paulo, onde pretendia trabalhar na fábrica da Volkswagen. Nunca mais o vi. Eu produzia meu programa e o dividi em três segmentos: na primeira hora, com um público que remanescia ao programa do Nhô Miranda, músicas mais populares (muitas vezes bregas), atendimento a pedidos por cartas e telefonemas e horóscopo. Na segunda hora . confesso que só tocava o que eu gostava: rock e música popular brasileira. No último segmento, parada de sucessos com base na classificação das músicas pela Billboard. A fórmula adotada mostrou-se correta, porque uma pesquisa apontou o Show da Manhã como líder de audiência no horário, concorrendo com 12 ou 13 emissoras de Londrina e Região. Muito desse sucesso devo ao Carlinhos, técnico de som em meu horário, com o qual tinha uma espécie de simbiose. Nos seis anos que lá permaneci, passei a acumular a função de sub-gerente, no período da tarde, o nome da Rádio mudou para Cultura, mudamos de endereço e tivemos como Diretor o Dr. Klaus Nixdorf. De curioso, lembro que as ouvintes apaixonavam-se pela voz e era comum que elas telefonassem e pedissem minha descrição, jamais acreditando quando eu dizia que tinha 1,83, era loiro, usava barba e tinha os olhos azuis. Nunca cedi aos convites para encontros, mas muitas delas iam conferir “ao vivo”. Uma passagem da qual me lembro e ainda me provoca risadas (me desculpe o envolvido, não é maldade), foi um domingo em que o glorioso Nacional enfrentava o time de Cambé, no estádio deles. Havia morrido alguém de importância para o País ou para o esporte e, no início da transmissão, Geraldo Borges anunciou que todos fariam um minuto de silêncio. Seguiu-se o tal minuto e, ao final, comentou Geraldo: “ouvimos... um minuto de silêncio”. Até hoje não consigo “ouvir” o silêncio... Outro fato marcante é que elegi o Alberto como vítima de uma brincadeira maldosa: eu escondia a bengala dele regularmente e, muitas vezes tão bem que ele tinha que desistir da buscar e voltar de táxi para casa. Alberto levava na esportiva e, quando indagava o porquê, eu respondia que era pra ele “ficar esperto”. Já no final de meu período na Rádio, cursava Direito na UEL e passei em um concurso no Departamento Jurídico do Banco Bamerindus em Londrina e tive que pedir demissão, o que fiz com imensa dor no coração. As boas lembranças são vívidas e tenho para mim que o período em que trabalhei na Rádio foi um dos melhores de minha vida: jovem, com acesso total à música nacional e internacional da melhor qualidade e grandes colegas de trabalho. Fora da Rádio encontrei por acaso, em idas a Rolândia, com Ruberval, Rosolem, Carlinhos e Alberto. Espero encontrar-me com os demais e matar saudades. Agradeço ao amigo pela oportunidade de expressar minhas memórias e saudades daquele tempo dourado!. Espero que gostem. MURILO FERRI
COMENTÁRIO: Muito obrigado Murilo por este importantíssimo documento. Fico honrado com este presente para a história de Rolândia. Fui um dos seus ouvintes e confirmo o seu sucesso como radialista. Um abraço. Deus te abençoe. JOSÉ CARLOS FARINA