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Pastor Manfred Gumbel do CERVIN mais homenagens

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. 
Ao saber do retorno do Pastor Manfred Gumbel, para a Alemanha, me lembrei desses versos do dramaturgo e poeta alemão, Beltold Brecht, por tudo o que ele realizou no Brasil ao longo de 50 anos.
As memórias da infância de Manfred são recheadas da escassez que enfrentou, no vilarejo milenar de Kleinenglis na Alemanha, após o final da 2ª Guerra. 
Seu pai participou da luta para a tomada da cidade de Estalingrado (a mais trágica batalha da 2ª Guerra), na Rússia, e nunca mais voltou para casa. 
Sua mãe precisou trabalhar como bóia-fria em fazendas para alimentar os dois filhos, à base de sopa de farinha.
Órfão de pai, com as dificuldades da família, com apenas 14 anos deixou a escola para ser aprendiz na construção civil. Trabalhou pesado 7 anos nesse setor. Para piorar, foi diagnosticado com uma doença incurável nos rins. O médico decretou que ele não chegaria aos 30 anos. Milagrosamente curado sem medicamentos ou cirurgias, seguiu o curso de sua vida. Mas Manfred compreende esses tempos serviram como alicerce na sua preparação para entender, acolher, amar e servir as pessoas que necessitam de ajuda.
Sonhando em viver no exterior, foi para Berlim esperando ser enviado por alguma construtora que tivesse obras em outros países. Até então, por testemunhar o grande sofrimento de sua mãe, as angústias de seu irmão menor por não suportar mais comer sopa de farinha e as mazelas do pós-guerra na Alemanha, tinha a sensação de que carregava o mundo nos ombros, de tão pesado que era o seu fardo. Até que ele ouviu num encontro de jovens cristãos a seguinte declaração de Jesus: “E o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Ele acreditou nessa promessa e desse encontro nasceu um novo Manfred que trocou a construção civil pelo estudo no seminário Tabor, período em que fez estágio numa clínica de recuperação de alcoolistas.
O desejo de conhecer outras culturas permanecia em seu coração. Pensou em ir para Tanzânia, mas Deus tinha outros planos. Ao ouvir o relato de um missionário que atuava nas favelas, teve a certeza de que aqui era o lugar do seu chamado. Assim, veio para o Brasil em dezembro de 1971. 
Passou por Curitiba, Atibaia, Ortigueira, mas em 1977 chegou em Rolândia para liderar a Igreja de Cristianismo Decidido, cujos cultos eram em língua alemã. Como sempre se envolveu na evangelização de jovens, percebeu, já naquela época, que era preciso abrir uma casa que pudesse atender os dependentes químicos.
Para Manfred, desde a sua fundação em 1985, a história do Cervin - Centro de Recuperação Vida Nova – em Rolândia é marcada por milagres. Desde o prédio improvisado cedido pela Prefeitura, a compra do sítio, a construção do prédio, e tantas outras conquistas, foram resultados da providência de Deus suprindo cada necessidade. 
A instituição, nesses 37 anos, tornou-se referência na recuperação de dependentes, recebendo internos de outros estados e até do Paraguai e da Alemanha. Mais de 7 mil alunos passaram pelo Cervin em Rolândia (masculina) e em Cambé (feminina).
Homenageado pela Câmara de Rolândia, pelo Cervin, pelas igrejas que serviu e por tantos amigos e irmãos que conquistou, Manfred acaba de retornar à Alemanha com a esposa Christa. 
Não foi uma opção pessoal e nem algo que ele houvesse planejado. Mas, próximo de completar 80 anos, ele aceitou o convite da filha para morar perto dela em Nuremberg. 
Confessa que vai sentir muita falta do Brasil, mas afirma ser um peregrino nesta terra a espera da “Pátria Celestial”. Depois desses 50 anos servindo no Brasil, Manfred deixa um enorme legado. Os que se recuperaram dos vícios, e suas famílias, são testemunhas vivas dessa relevante obra missionária.

Edinelson Alves é jornalista, produtor de conteúdo e voluntário no Cervin.