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sexta-feira, 12 de julho de 2013

MST invade praças de pedágio para cobrar reforma agrária

FOLHAWEB

Pelo menos 16 das 27 unidades do Estado foram ocupadas pelo movimento. (POPULAÇÃO APLAUDE)

Gustavo Carneiro
Motoristas puderam passar sem pagar a tarifa
Londrina – Milhares de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem pelo menos 16 praças de pedágio no Paraná, de um total de 27 unidades autorizadas pelo contrato de concessão de rodovias. O ato faz parte de uma mobilização contra atrasos no processo de reforma agrária promovido pelo governo federal. O grupo também cobra o fim da cobrança da tarifa. 

As ocupações ocorreram no início da manhã. Com faixas, foices e enxadas, os manifestantes liberaram as cancelas. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, não houve registro de violência. 

Em algumas praças houve congestionamento. A única cobrança era de apoio ao movimento. A cada veículo que passava pelas cancelas, uma buzinada, forma de comemoração pela "falta" de cobrança. 

"As tarifas são muito altas, em alguns trechos os veículos convencionais chegam a pagar quase R$ 14. Essas concessionárias arrecadam muito, mas investem pouco nas nossas rodovias", criticou o integrante da coordenação estadual do MST no Paraná, José Damasceno. 

De acordo com a coordenadoria estadual do movimento, cerca de 7,5 mil sem-terra participaram das manifestações. Pouco mais de 500 estiveram na praça de pedágio de Arapongas. 

Os sem-terra também cobram mais empenho do governo pela reforma agrária. "É um avanço pífio. Em tese é um governo de esquerda, mas quem dá as cartas é a direita", comentou o líder sem-terra. 

A presidente Dilma Rousseff (PT) esteve reunida nesta semana com liderança dos movimentos de luta pela terra em Brasília. Os grupos cobram mais agilidade e menos burocracia nas políticas para o campo. 

Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que 45 mil famílias foram assentadas nos dois primeiros anos do governo Dilma. Os números são inferiores aos registrados nos dois primeiros anos de mandato dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (117,5 mil famílias) e Fernando Henrique Cardoso (102,9 mil). O governo da petista amarga o pior índice de desapropriações de terra dos últimos 17 anos. 

De acordo com o MST, no Paraná 5,5 mil famílias vivem acampadas em 72 áreas rurais, aguardando as desapropriações. "Há muito diálogo, pouca solução. Essas pessoas vivem em acampamentos e em situação de calamidade. Não há rede de esgoto, água tratada, energia elétrica", criticou José Damasceno. "Passou da hora do governo acelerar o processo de reforma agrária, criar linhas de financiamento para serem investidas em melhorias do campo, construção de moradia, escolas, melhorias em estradas." 

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que não se manifestaria sobre as críticas do MST ao valor do pedágio.

Danilo Marconi
Reportagem Local

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