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segunda-feira, 22 de julho de 2013
MURILO FERRI ESCREVE SOBRE A RÁDIO CULTURA DE ROLÂNDIA - ANOS 60 e 70
Comecei a trabalhar na Rádio (então Rádio Clube de Rolândia)
em 1968, aos 15 anos. Havia feito um tal de “Curso Livre de Jornalismo” em
Londrina e achava que com isso no currículo iria realizar meu sonho de ser
jornalista. Auto confiante, consegui emprego não só na Rádio, mas também na
redação do jornal semanal “A Voz de Rolândia” ( meio período cada um). Registrado com salário de menor (meio salário mínimo),
passei a ser responsável pela produção do noticiário da Rádio, então feito na
base do “Gillette Press”. Chegava
cedinho para poder gravar os noticiários da Rádio Guaíba, de Porto Alegre e o
da Rádio Globo, do Rio de Janeiro. Depois, fazia um resumo de cada notícia e
datilografava tudo, produzindo para o dia todo. Às 11h30m estava livre. Na época já estavam lá Ruberval Fernandes, José Carlos Men (Nhô
Miranda), Rosolen, Geraldo Borges, Odair, Alberto José e os técnicos de som
Carlinhos Gaffo, seu irmão carinhosamente chamado de “Preto” e Cravinho (o último,
morto em um acidente com sua Lambretta). Havia mais um, que também trabalhava à
noite mas cujo nome não consigo recordar. Em determinada manhã, Dr. Pincelli irrompeu esbaforido na
sala em que eu trabalhava, dizendo que iria começar o horário eleitoral
gratuito e que não havia locutor, pedindo-me para fazer as vezes. Assim comecei a carreira de locutor, porque
gostaram de minha voz. O horário nobre de rádio é o das 8 ao meio dia e havia o
“Show da Manhã”, com Odair. Foi-me dado substituí-lo, liberando-o para
aventurar-se em São Paulo, onde pretendia trabalhar na fábrica da Volkswagen.
Nunca mais o vi. Eu produzia meu programa e o dividi em três segmentos: na primeira
hora, com um público que remanescia ao programa do Nhô Miranda, músicas mais populares (muitas vezes bregas),
atendimento a pedidos por cartas e telefonemas e horóscopo. Na segunda hora .
confesso que só tocava o que eu gostava: rock e música popular brasileira. No
último segmento, parada de sucessos com base na classificação das músicas pela
Billboard. A fórmula adotada mostrou-se correta, porque uma pesquisa
apontou o Show da Manhã como líder de audiência no horário, concorrendo com 12
ou 13 emissoras de Londrina e Região. Muito desse sucesso devo ao Carlinhos, técnico
de som em meu horário, com o qual tinha uma espécie de simbiose. Nos seis anos que lá permaneci, passei a acumular a função de sub-gerente, no período
da tarde, o nome da Rádio mudou para
Cultura, mudamos de endereço e tivemos como Diretor o Dr. Klaus Nixdorf. De curioso, lembro que as ouvintes apaixonavam-se pela voz e era comum que elas telefonassem e
pedissem minha descrição, jamais acreditando quando eu dizia que tinha 1,83, era
loiro, usava barba e tinha os olhos azuis. Nunca cedi aos convites para
encontros, mas muitas delas iam conferir “ao vivo”. Uma passagem da qual me lembro e ainda me provoca risadas
(me desculpe o envolvido, não é maldade), foi um domingo em que o glorioso
Nacional enfrentava o time de Cambé, no estádio deles. Havia morrido alguém de
importância para o País ou para o esporte e, no início da transmissão, Geraldo
Borges anunciou que todos fariam um minuto de silêncio. Seguiu-se o tal minuto
e, ao final, comentou Geraldo:
“ouvimos... um minuto de silêncio”. Até hoje não consigo “ouvir” o
silêncio... Outro fato marcante é que elegi o Alberto como vítima de uma
brincadeira maldosa: eu escondia a bengala dele regularmente e, muitas vezes
tão bem que ele tinha que desistir da buscar e voltar de táxi para casa. Alberto
levava na esportiva e, quando indagava o porquê, eu respondia que era pra ele
“ficar esperto”. Já no final de meu período na Rádio, cursava Direito na UEL
e passei em um concurso no Departamento Jurídico do Banco Bamerindus em
Londrina e tive que pedir demissão, o que fiz com imensa dor no coração. As boas lembranças são vívidas e tenho para mim que o
período em que trabalhei na Rádio foi um dos melhores de minha vida: jovem, com
acesso total à música nacional e internacional da melhor qualidade e grandes
colegas de trabalho. Fora da Rádio encontrei por acaso, em idas a Rolândia, com
Ruberval, Rosolem, Carlinhos e Alberto. Espero encontrar-me com os demais e
matar saudades. Agradeço ao amigo pela oportunidade de expressar minhas memórias e saudades daquele tempo dourado!. Espero que gostem. MURILO FERRI COMENTÁRIO: Muito obrigado Murilo por este importantíssimo documento. Fico honrado com este presente para a história de Rolândia. Fui um dos seus ouvintes e confirmo o seu sucesso como radialista. Um abraço. Deus te abençoe. JOSÉ CARLOS FARINA
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