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quarta-feira, 19 de março de 2014

ILSE DIETRICH - SÍTIO CAIOBI - ROLÂNDIA - PR. - AMBIENTALISTA

FOLHA DE LONDRINA








Muitas famílias que na primeira metade do século passado escaparam do nazismo na Alemanha emigraram para o Norte do Paraná e, ao longo de décadas, construíram uma história de respeito e devoção ao meio ambiente. Em Rolândia, várias propriedades rurais guardam um legado impressionante: verdadeiros jardins botânicos informais que, assim como os oficiais, abrigam uma flora exuberante e diversificada. 


São áreas que, além da riqueza ambiental, contam a vida de pessoas e revelam a maneira com que elas lidam com a natureza. Na visão do educador ambiental Daniel Steidle, trata-se de "tesouros" que precisam ser preservados não só pelo banco genético ali existente, mas também para que possam vir a funcionar como "escolas a céu aberto" e como espaços de estudos para botânicos e biólogos. 

"As coleções de plantas têm função estratégica para a sobrevivência do homem. Esses jardins, muitos com espécies ainda não catalogadas, são cuidados por senhoras com mais de 80 anos de idade. O segredo da longevidade e do bom humor parece ter relação direta com eles", afirma Steidle. 

É uma tese que encontra respaldo no Sítio Caiobí, onde mora Ilse Dietrich, que chegou à Rolândia com os pais e dois irmãos em 1934. Dos 20 alqueires originais, quatro ainda são de mata virgem, que circundam a casa erguida com vigamentos de toras brutas e em cujo porão ainda há a oficina da qual saíram todos os móveis da família. Próximo de um babaçu trazido do Mato Grosso e de pitangueiras de 15 metros de altura fica um sombrete que protege boa parte das três mil orquídeas existentes no local. Perobas, mandacarus e figueiras dividem espaço com arbustos e frutíferas que os pais trouxeram de vários lugares do Brasil. 

"Lidar com jardins é herança dos meus antepassados. Meu pai gostava muito, e eu peguei a mania dele." 

Nos primeiros dez anos na nova morada, até o plantio do café, a rotina da família Dietrich no Sítio Caiobí era trabalhar pela subsistência. Plantava-se basicamente feijão e milho, e criava-se frangos, porcos e algum gado. 

"Fui criada assim. Gosto de mexer com plantas. Não me vejo na cidade, em apartamento. Gosto mesmo do ambiente natural, simples. Não tenho medo dos bichinhos que o pessoal da cidade não gosta. Não mato eles, nem mosquito." 



Hoje, Ilse Dietrich se dedica mais às orquídeas que, quando floridas, ela arrasta pra dentro de casa. "Elas ocupam meu tempo. Passo a tarde junto delas, adubando, pulverizando, replantando", relata. "Não tenho mais forças para fazer o que eu fazia no passado. Mas tenho alegria", diz Ilse, que revela um antigo costume: lá, visitantes que trazem uma muda levam outra de volta. 

















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