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terça-feira, 8 de abril de 2014

ELIFAS ANDREATO COBRA PROMESSA DE JOHNNY LEHMANN

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ROLÂNDIA - Minha cidade disfarçada

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Escrito por Elifas Andreato   

Nasci mesmo em Rolândia, em 22 de janeiro de 1946, às catorze horas e trinta minutos, quando ela, disfarçada de Caviúna, serviu de abrigo seguro para seus heroicos fundadores.

Quando cheguei em São Paulo, menino ainda, um capiauzinho migrante paranaense, duas coisas me incomodavam: meu nome, que os vizinhos húngaros estranhavam, e o nome da minha cidade. Com meu nome fui aos poucos me acostumando, e também com as variações que davam a ele. Mas Rolândia parecia nome feio, estrangeirado demais para a minha cabeça de matuto recém-chegado à civilização.

Quando completei 14 anos, arranjei meu primeiro emprego e precisei tirar carteira de trabalho. Ainda não sabia ler. Quando, orgulhoso, mostrei a carteira aos amigos alfabetizados, fui informado que minha cidade natal não era Rolândia, mas Caviúna. Surpreso, pedi aos meus pais esclarecimento sobre o assunto, mas eles também não tinham resposta para a minha curiosidade. Eram migrantes oriundos das cidades vizinhas, situadas na divisa com São Paulo. Pouco sabiam da história da cidade que os acolhera para cultivar café, esperançosos com a propalada fertilidade da nova terra. A duplicidade de nomes continuou me intrigando.

Em 1987 eu já era considerado filho ilustre de Rolândia. Recebi da cidade uma comovente homenagem e aproveitei a ocasião para melhor conhecer sua história e a misteriosa origem de seu nome. A cidade fora fundada em 29 de junho de 1934 por alemães judeus perseguidos pelo nazismo, e seu nome era uma homenagem ao herói medieval Roland, sobrinho do lendário Carlos Magno. Fugindo do Holocausto, os fundadores foram obrigados a trocar todos os bens que tinham na Alemanha por títulos de terra na floresta que cobria todo o norte do estado do Paraná.

No livro A Travessia da Terra Vermelha – Uma saga dos refugiados judeus no Brasil, Lucius de Mello faz um impressionante relato do sofrimento dos fundadores de Rolândia. Ameaçados por movimentos pró-nazistas surgidos no Sul do País, eles mudaram o nome da cidade para Caviúna em dezembro de 1943. Só em 1947, com o fim da Segunda Guerra e a derrota dos nazistas, a cidade voltou a ser Rolândia.

Eu, portanto, nasci mesmo em Rolândia, em 22 de janeiro de 1946, às catorze horas e trinta minutos, quando ela, disfarçada de Caviúna, serviu de abrigo seguro para seus heroicos fundadores. 

Em 25 de novembro de 2010, recebi da minha amada cidade o título de cidadão emérito e a promessa de restauração da pequena estação de onde parti quando começava a sonhar meus sonhos. Lugar em que espero ver, ainda em vida, minha história e obra guardadas junto à bela história da terra onde nasci.

COMENTÁRIO: É verdade Elifas... prometeram sim.. eu estava lá e filmei tudo. Ver no Youtube.. "ELIFAS ANDREATO ROLÂNDIA FARINA"... Já passou da hora do prefeito terminar as obras do Centro Histórico... Hoje parece mais um cenário de filme de faroeste.. daquelas cidades abandonadas... JOSÉ CARLOS FARINA

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