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domingo, 21 de dezembro de 2014

Aylton Senna e Borghesi correram em Rolândia na década de 70

FOLHA DE LONDRINA

Aos 78 anos, Luciano Borghesi esbanja vitalidade

Italiano radicado em Londrina, piloto é o mais experiente em atividade no automobilismo nacional

Celso Pacheco
Luciano Borghesi acaba de conquistar mais um título na tradicional 500 Milhas de Londrina. Ele tem um jeito diferente de encarar os desafios. "Eu gosto muito de guiar. Vi isso numa revista uma vez: um pode ser 30 anos mais velho ou 30 anos mais novo, mas tudo depende da forma como encara a vida, da sua cabeça. E é verdade. Sou diferente, nunca faço projeções longas, é dia a dia". Esse talvez seja o segredo dele para seguir na ativa aos 78 anos, como o piloto mais velho em atividade no Brasil.

GRANDES NOMES

Mas nem só de títulos é marcada a trajetória do piloto. Alguns momentos estão eternizados na memória dele, como os encontros com grandes nomes da história do automobilismo internacional, como o austríaco Niki Lauda e o americano Mario Andretti, duas lendas da Fórmula 1. "Como eu corria em São Paulo, o acesso era mais fácil nas corridas de Fórmula 1", conta. "São grandes feras e momentos inesquecíveis", ressalta o piloto, que dividiu a pista com os brasileiros José Carlos Pace e Émerson Fittipaldi, também ex-pilotos da maior categoria do automobilismo mundial.

Borghesi também estava no Kartódromo de Rolândia em 1975, quando um menino chamado Ayrton Senna, em início de carreira, disputou uma etapa do Campeonato Brasileiro de Kart. "Andamos com o Senna por um ano. Conheci ele e o pai dele", lembra Borghesi, que na época acompanhava o filho Tazio, que era um dos concorrentes do futuro tricampeão da F-1.

Atualmente, o empresário compete na categoria Spyder. São quatro temporadas na categoria de protótipos, sendo dois brasileiros e dois paranaenses. Segundo suas próprias contas, em 2014, ele foi ao pódio cinco vezes. E só não teve desempenho ainda melhor por conta de uma viagem ao exterior que lhe fez perder duas etapas.

Para o ano que vem, a vaga já está garantida. Graças à ajuda de patrocinadores. E também por um fôlego insaciável, alimentado por um segredinho simples que Borghesi nem faz questão de guardar. "É paixão. Aquela coisa de você não poder escutar nem o barulho. E é possível. Eu procurei continuar fazendo o que gosto. O que acontece é que a pessoa, às vezes, se entrega. Para mim, é a cabeça que manda. Você tem que se sentir bem guiando e, enquanto me sentir bem vou continuar", garante, para desespero de alguns familiares, que já pediram inúmeras vezes para ele parar de correr.

Graduado na categoria A, a última escala de pilotos de competição no Brasil, Borghesi conta com a admiração de quem o acompanha de perto. Para o bicampeão brasileiro de Fórmula Truck, Leandro Totti, o corredor de 78 anos é um exemplo. "Ele é sempre o primeiro a chegar, tem um preparo físico muito bom e uma resistência incrível para a idade dele. Se deixar, ele fica na pista o dia todo, é um apaixonado mesmo. Quero poder chegar à idade dele como esse mesmo ânimo", elogia.
Rafael Souza
Reportagem Local

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