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segunda-feira, 6 de julho de 2015

HOMENAGEM PÓSTUMA A ELISABETH TRAUMANN






Perdi a minha irmã nesta madrugada. Para você que não a conheceu, vou contar: ela era a mais doce pessoa do mundo. Carregava um otimismo quase ingênuo que embalava a sua suave teimosia (veio com o DNA da família). Falava sobre as luzes das pinturas de Titoretto ou das personagens de Trollope com a mesma graça das dificuldades de achar um bom polvilho nos mercados de Boston. Frágil, ela fez carreira como psicóloga de mulheres vítimas de abusos. Era forte por dentro e lutou o quanto o pode para viver.Ela foi a minha segunda mãe, a quem eu mostrava minhas notas do boletim. Quando ela foi para os EUA eu tinha nove anos e quantas noites eu sonhei que ela voltaria. A última vez que nos vimos, rimos, contamos histórias velhas, cantamos músicas mais velhas ainda. Desafinamos, chamamos a atenção das enfermeiras que vieram ver a gente cantando “que falta eu sinto de um bem/ que falta me faz um xodó”.
Quando eu me despedi, feito uma Aída ela pegou um lenço e dramaticamente disse: “ah! si schiude il ciel/ O terra, addio; addio, valli di pianti... addio”
Addio, minha irmãzinha, addio!
THOMAS TRAUMANN: 




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