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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

ROLÂNDIA: HOSPITAL SÃO RAFAEL NA FOLHA DE LONDRINA

FOLHA DE LONDRINA

Hospitais paranaenses podem enfrentar caos no próximo ano

Falhas estruturais, falta de recursos, pagamentos atrasados e superlotação são problemas enfrentados por instituições públicas e filantrópicas

Gina Mardones
Hospital São Rafael, em Rolândia, pode sofrer interdição ética se não sanar irregularidades; medida foi anunciada pelo CRM

Os hospitais públicos e filantrópicos paranaenses enfrentaram uma grave crise financeira e administrativa em 2015, e as perspectivas não são melhores para o próximo ano. Ao contrário disso, entidades representativas afirmam que os hospitais podem afundar no caos, caso os problemas não sejam solucionados. Neste ano, problemas estruturais, falta de recursos, pagamentos atrasados e superlotação fecharam Prontos-Socorros, Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e motivaram protestos e greves de funcionários e servidores insatisfeitos. 
No último dia 11, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) confirmou o indicativo de interdição ética do Hospital Universitário (HU) de Maringá e do São Rafael, em Rolândia. As instituições têm 180 dias para regularizar as condições para a prática dos profissionais na área da saúde e implantar melhorias para o atendimento da população. O comunicado afirma que, caso as irregularidades não sejam sanadas, os hospitais podem ser "impedidos de exercer a medicina em qualquer das suas áreas". "Se os locais fossem interditados, a população ficaria sem atendimento e os profissionais sem emprego. O prazo de seis meses é um voto de confiança de que os problemas podem ser solucionados. A interdição ética também é um aviso de que o caos virá no próximo ano se não houver melhorias nos hospitais. Não é só uma questão de recursos financeiros. É preciso administrar e planejar com mais eficiência o dinheiro público, principalmente durante um período de crise econômica", avaliou o presidente do CRM no Estado, Luiz Ernesto Pujol. 
Ele lembrou que 1.305 fiscalizações foram realizadas neste ano até o mês de novembro em hospitais paranaenses. "Atendimento pelo SUS, escalas de plantões, estruturas e equipamentos, qualificação de profissionais e outros itens são alvos das vistorias realizadas por médicos fiscais", acrescentou. Para o presidente do CRM, o SUS apresenta um sistema "caótico" em todo o Brasil, colocando em risco a saúde da população e expondo médicos a falta de condições de trabalho. "Não existem mais investimentos em programas de prevenção, o que contribui para o aumento da demanda de pacientes doentes. Além disso, a estrutura não passa por melhorias e sobrecarrega os profissionais da saúde, que enfrentam até agressões na linha de frente", criticou. 

ROLÂNDIA

A diretora administrativa do Hospital São Rafael, Marisa Ferracin, afirmou que a vistoria na instituição foi realizada pelo CRM no dia 2 de setembro, duas semanas antes do decreto de intervenção municipal que passou a gestão do hospital para responsabilidade da prefeitura. "Os principais pontos são referentes a contratação de profissionais e escalas de plantão. Algumas melhorias já foram realizadas antes da oficialização do indicativo de interdição ética", garantiu. 
No início deste mês, o São Rafael fechou a UTI com dez leitos devido o atraso de pagamentos dos honorários dos plantonistas em seis meses. Segundo a diretora, a reabertura da ala depende de um convênio de R$ 2,4 milhões com o governo do Estado para a manutenção dos serviços de médicos intensivistas. "Hoje, temos leitos de apoio no pronto-socorro para tratamento dos casos mais graves antes dos encaminhamentos para outras UTIs", explicou. 

HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

O superintendente do HU de Maringá, Maurício Chaves Júnior, afirmou que o principal problema enfrentado pelo hospital é a superlotação. "O fluxo de pacientes é altíssimo, principalmente de baixa complexidade que não são absorvidos pelos postos de saúde", justificou. De acordo com ele, o HU é o único hospital público de portas abertas para procura espontânea na área e recebe o fluxo de urgência e emergência da macrorregião de Maringá. "A 15ª Regional de Saúde cobre uma área de mais de 30 municípios. Precisamos redesenhar o fluxo de pacientes com a participação do Estado e do município. Uma reunião foi agendada para discutir esse assunto com o Ministério Público (MP) em janeiro", informou. Já o HU de Londrina enfrenta problemas com repasses e pagamentos, e também com relação a reposição de servidores públicos, principalmente por causa das aposentadorias. Após audiência pública, o Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-Administrativos da UEL (Assuel) encaminhou ao MP um diagnóstico da situação dos campus e do HU. De acordo com o documento, o hospital tem R$ 10 milhões para receber entre pagamentos e convênios, além do deficit de 750 servidores técnicos entre HU e UEL. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) afirmou que o governo tem realizado investimentos nos hospitais universitários do Paraná e que o recursos para continuidade e melhorias no atendimento são previstos no orçamento do Estado para o próximo ano.
Rafael Fantin
Reportagem local

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