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segunda-feira, 10 de abril de 2017

VENDA ANTIGA ( EMPÓRIO SECOS E MOLHADOS ) MERCEARIA EM LONDRINA - PR.

FOLHA DE LONDRINA

Venda dos Pretos guarda décadas de memória

Pequeno comércio na região sul de Londrina é tradicional ponto de encontro de moradores e representa um pedaço da história

Interior da Venda dos Pretos: reconhecimento público pela importância cultural
A casa simples de madeira de peroba, com portas e janelas de tramela, em uma grande esquina situada às margens da antiga estrada que deu lugar à Rodovia Mábio Gonçalves Palhano, no Patrimônio Espírito Santo, zona sul de Londrina, ainda é a de 66 anos atrás. Mesmo com tantas décadas, e algumas poucas mudanças, como uma cobertura para proteger do sol e da chuva, o lugar ainda guarda a mesma essência, generosidade e clima acolhedor de seu início. 
Todos estes sinônimos fazem parte da Venda dos Pretos, tradicional ponto de encontro na zona rural. Batizado de Venda do Alto, o espaço recebeu o novo nome após ser adquirido pela família Marques Neves. Naturais do Nordeste, eles vieram para Londrina nos tempos áureos do café em busca de uma vida melhor, como muitos migrantes. Porém, foi na Venda que encontraram o sustento e o recomeço. Primeiro com João Marques Neves, depois com a filha, Izolina Maria de Jesus, e agora com a terceira geração, representada pelas netas do patriarca. 

Com os balcões que remetem ao passado, o estabelecimento também guarda a memória das antigas mercearias, com doces e produtos variados, além de frutas, verduras, enlatados, petiscos e bebidas, sendo o ponto de apoio mais próximo de toda a comunidade. 
Mistura de bar e mercearia, o local tem uma rotina agitada, principalmente para os proprietários. O trabalho é de segunda a segunda e as portas são fechadas somente quando o último cliente vai embora. "Começa (a funcionar) às 9 da manhã e enquanto tiver gente está aberto. Aqui se encontra de tudo e de todos", resume Solange Francisca Neves, filha de Izolina, e que cuida da Venda com a irmã, Maria de Fátima Francisco Klein, e o cunhado, Dagmo Klein. 
"A maioria dos clientes é da cidade. Sábado e domingo as pessoas vêm jogar bola, pedalar pela região e passam por aqui. É um ponto de referência para todos. Se alguém quer saber de algo vem na Venda e pergunta. Com isso você acaba conhecendo as pessoas", conta Maria de Fátima. "Estamos sempre de braços abertos", completa ela, que trabalhava como balconista em um supermercado e largou a função há cinco anos para ajudar a mãe, que faleceu em 2015. Ela afirma que considera as pessoas que frequentam o local como se fossem da família. "Acho que se fosse de sangue não seria tão bom quanto é." 


Anderson Coelho
Ana Maria Aromatario, professora universitária aposentada, com a camiseta da Venda que é o seu bar desde 2009

UTILIDADE PÚBLICA 
A Venda dos Pretos também é um importante ponto de apoio para a comunidade do Espírito Santo. "Como as pessoas não têm caixa de correio, a grande maioria vem buscar a correspondência aqui", explica Maria de Fátima. "Mas quando é conta para pagar não vem rápido não", diverte-se. 
Nascida e criada na região, a servidora municipal Ellen Vanessa Biangi, de 33 anos, frequenta a Venda desde a infância e sempre está no estabelecimento em busca de correspondências. E leva com ela a filha Thaisa, de 11. "Antes eu vinha comer os doces e hoje é ela. Também temos um sítio próximo e passamos muito para comprar as coisas", explica. 
Tendo vivido vários momentos no pequeno estabelecimento, Ellen destaca as mudanças que observou ao longo dos anos. "O progresso chegou na região, mas na Venda mudou pouco. O balcão repleto de doces ainda é o mesmo, o padrão rústico também. Agora tem máquina de cartão, que antes não tinha", elenca quando ao fundo se ouve o questionamento de um cliente sobre a forma de pagamento e a reposta entusiasmada de Maria de Fátima. "Crédito e débito". 


As irmãs Maria de Fátima Francisco Klein e Solange Francisca Neves, com Dagmo Klein: terceira geração de proprietários da Venda

Pedro Marconi
Reportagem Local.

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