Páginas

terça-feira, 31 de julho de 2018

FARINA ANALISA O PROGRAMA RODA VIVA E BOLSONARO

O Roda Viva de ontem foi uma prova contundente do que parte da direita vem falando há tempos: a falta de autocrítica da esquerda e descolamento da realidade da mídia, que também é majoritariamente de esquerda, será responsável por eleger o candidato que eles mais desprezam.

Bolsonaro não é um poço de intelectualidade, nem é um candidato super preparado para falar de economia. Mas a humildade dele em reconhecer isso e dizer que aprendeu com Paulo Guedes, inclusive assumindo erros do passado como votar contra o Plano Real, o humaniza. Como todo ser humano, ele tem defeitos, qualidades e pode evoluir.

A entrevista foi um festival de boçalidade dos jornalistas, que perderam 25% do tempo perguntando sobre a ditadura e mais alguma coisa com "dívida histórica". Insistiram nos rótulos de "machista, homofóbico, misógino e racista" que a mídia colocou sobre o candidato, facilmente rebatidos por ele. Choveram no molhado com polêmicas midiáticas numa tentativa de o desqualificar. Não funcionou.

Bolsonaro se mostrou autêntico, jogou o politicamente correto no lixo, deu nome aos bois e falou verdades que muita gente gostou de ouvir. Dilma e Lula de fato nunca lutaram por democracia e são amigos de ditadores. Disse que quem "pisar na bola" tem mais que ser condenado e defendeu privatizações. Foi duro sobre a questão da segurança e, vejam só, o brasileiro trabalhador também não gosta de bandido, muito menos que ele seja feito de vítima.

Perguntado sobre auxílio-moradia, Bolsonaro disse que gastou apenas metade da verba de gabinete que tem à disposição. Eu gostaria de ter ouvido que, apesar de estar na lei, os privilégios dos políticos são gigantescos e a redução destes passa pelo seu programa de governo. Um legado de economia liberal, afinal, passa necessariamente sobre a redução do Estado. Sobre corrupção, disse que foi um dos únicos citados por delatores e pelo próprio Joaquim Barbosa em não ter aceitado propina.

Senti falta de propostas concretas, parte por culpa da bancada sofrível de jornalistas, parte por despreparo do candidato. Em algumas perguntas, se embananou ou não respondeu diretamente. Não me incomodo tanto com o fato de ele querer terceirizar para técnicos as pastas de seus ministérios, dado que nossos últimos Presidentes eram ignorantes e populistas, que falavam que fariam maravilhas pelo povo sem qualquer respaldo econômico. Eles, no entanto, ainda são aclamados por essa mídia senil e hipócrita.

Fui surpreendida por falas menos agressivas e paciência para responder impropérios. Não sei se isso é reflexo de um Bolsonaro mais moderado ou de uma assessoria competente, mas o fato é que essa entrevista o ajudou. É claro que ele passa longe de ser o candidato ideal, principalmente para liberais como eu. Entretanto, é preciso reconhecer que ele é o único com chances reais de vencer essa esquerda retrógrada, mesmo que ele próprio seja um pouco antiquado.

É uma pena que ainda sejamos tão medíocres em sempre ter que escolher o menos pior, mas entre a esquerda e Bolsonaro, não há dúvidas.

PAULO AUGUSTO FARINA - Rolândia-Pr.
(advogado, imobiliarista e político)

Nenhum comentário:

Postar um comentário