Os integrantes do movimento Ocupa Londrina plantaram 17 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, na tarde desta terça-feira (15), no Bosque Central. A ação fez parte do quarto dia de protesto contra a abertura do local para a passagem de carros e o corte de aproximadamente 20 árvores.
Entre as espécies plantadas estavam figueiras, ingás e angicos brancos. As árvores foram colocadas nos mesmo locais das que foram cortadas na sexta-feira (11). Mais de 50 pessoas participaram do protesto.
Para o vice-presidente do Observatório de Gestão Pública, entidade apartidária que fiscaliza as contas do governo municipal, Fábio Cavazotti, a mobilização popular é importante para mostrar que os londrinenses estão preocupados com a qualidade de vida. Ele disse que todos devem se colocar a favor da preservação do bosque.Antes de plantarem as mudas, os manifestantes retiraram as cruzes brancas e limparam o bosque.
O protesto do movimento Ocupa Londrina ganhou a adesão de um grupo de aproximadamente 30 jovens que participavam da Marcha contra a Corrupção. Com cartazes de “fora corruptos”, os manifestantes afirmavam que a ação da prefeitura no caso do bosque era mais um descaso dos políticos locais.
Ação na Justiça
A Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE) entrará, nesta quarta-feira (16), com uma ação civil pública pedindo a paralisação das intervenções que o município está realizando no bosque. Segundo o advogado da Ong, Camilo Viana, o principal erro cometido pelo município no projeto de reabertura do bosque foi a falta do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), necessário para intervenções deste porte. “Existe uma lei municipal e o Estatuto das Cidades que obrigam a realização de estudos para obras que geram impactos ao meio ambiente local e são geradoras de tráfego”, destacou.
O advogado ressaltou que esse estudo deveria ser analisado pelo Conselho Municipal da Cidade, mas em nenhum momento a prefeitura procurou o órgão para discutir o assunto. “Na verdade ninguém sabe ao certo qual é o projeto que será executado no local. Jamais a prefeitura poderia ter começado a fazer isso [corte das árvores] sem ter certeza de qual o projeto que será executado.”
Procurado o secretário municipal de Governo, Marco Cito, afirmou que a abertura da via se justifica pelo fato do tráfego de veículos na área central estar “estrangulado”. Segundo ele, tecnicamente a continuidade da Rua Piauí pelo bosque se sobrepõe aos interesses de quem é contrário da medida. Isso deve acontecer na primeira quinzena de dezembro.
Segundo ele, o projeto prevê uma via de mão única dando continuidade e calçadas com largura de 11 metros. “A preocupação de que Londrina vai perder a área de lazer do Bosque Central, não procede. As mesas de xadrez serão realocadas nas calçadas, serão colocadas mesas de pingue-pongue”, disse Cito.