09/08/2011 -- 00h00
> Irmãos buscam preservar símbolo de Rolândia
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> Chácara dos irmãos Unbehaun, que existe há mais de 70 anos, foi
> colocada à venda; família espera que seja transformada em patrimônio
> municipal
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> Carlitos e Paulo, além do mais velho Arthur, trabalham no local desde a infância
> Rolândia - ''Nada é eterno''. Carlitos Unbehaun, de 71 anos, fala a
> conhecida verdade, mas no fundo torce para que seja mentira. Ele e
> seus dois irmãos Arthur, 81, e Paulo, 67, não querem viver para
> sempre. A família se contenta que o local onde trabalharam desde a
> infância continue existindo. A Chácara Rolândia, que é um símbolo da
> cidade de 57 mil habitantes, foi colocada à venda, mas os irmãos
> sonham que ela seja conservada e se torne patrimônio municipal.
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> Criada em 1937, com a vinda do patriarca da família Unbehaun de Santa
> Catarina, a história da Chácara Rolândia se entrelaça com o surgimento
> da própria cidade e a colonização do Norte do Paraná.
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> De acordo com o presidente do Conselho de Turismo da cidade, Jaime
> Freiberger, ''a chácara é uma referência.'' ''Quando turistas da
> Alemanha e de outros locais passam pelo município sempre visitam a
> chácara. Sem contar as escolas que levam alunos para conhecer as
> árvores do local'', conta.
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> E o que tanto atrai os visitantes? Um simples passeio pelo local de
> natureza preservada e belezas naturais é suficiente para saber o que
> atrai os turistas. Quando o pai dos irmãos Unbehaun chegou nos anos
> 1930, a região era de difícil acesso e não passava de mata virgem.
> ''Ele fez uma casa de troncos palmito'', relata Carlitos, mostrando
> uma fotografia da edificação e apontando: ''Eu sou esse bebê.''
>
> Paulo Unbehaun, que ainda não havia nascido na data da foto, diz que o
> amor pela terra e os seu frutos foi uma herança deixada pelo pai.
> ''Começamos a trabalhar com 7, 8 anos, acompanhando papai. Ele amava a
> terra e a gente ficou com isso'', diz.
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> Arthur, o mais velho dos irmãos, não participou da entrevista porque,
> segundo a família, não está em condições de saúde. ''Ele é o que está
> mais sentido com a venda e também por não conseguir mais trabalhar
> aqui'', comenta Carlitos. Apesar da idade, ele e Paulo ainda labutam
> no local, ''todo dia das 6h30 da manhã até 6 da tarde.''
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> No pequeno escritório da chácara, localizada na Avenida Itamaraty,
> próximo ao portal da cidade, na saída para Londrina, Carlitos faz
> questão de mostrar um documento de 1948: ''O prefeito de Cavíuna (o
> nome de Rolândia mudou por causa da 2 Guerra Mundial) concede alvará
> para venda de plantas naturais e flores.''
>
> Carlitos conta que o pai era considerado louco na época. ''Ele viajava
> de trem, maria-fumaça, e trazia mudas nas malas. Alguns viam e
> falavam: você vai levar muda para o meio do mato? Mas era o que
> gostava de fazer, e na época não tinha outro lugar. As pessoas
> chegavam e queriam fazer um pomar de laranja, por exemplo, e
> procuravam papai.''
>
> Com o tempo a família plantou raridades. Hoje figuram entre os itens
> de visitação: a árvore mais alta da chácara - uma jovem de cerca de 20
> anos da família das sequoias - com aproximadamente 20 metros de
> altura, a palmeira Bismark, natural das Ilhas Canárias, um pândanos de
> 15 anos, com suas raízes externas ligadas nos galhos, a palmeira Sete
> Pés, que não tem tronco, além da nolina de 50 anos, de origem
> australiana, que é popularmente conhecida como ''pata de elefante''.
> Também são encontradas árvores mais comuns, como pau-brasil, pau
> ferro, erva-mate.
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> No início da década de 90, os irmãos Unbehaun receberam a visita de um
> dos mais famosos paisagistas do século passado: Roberto Burle Marx,
> que morreu pouco depois, em 1994. ''Ele veio e levou algumas mudas
> para o Rio de Janeiro'', recorda.
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> Apesar de terem herdeiros, os irmãos decidiram vender a chácara, pois
> os filhos e netos não têm interesse em manter o lugar. ''É uma outra
> geração, que vive em frente ao computador, à televisão, internet. Não
> querem saber de terra. A própria Bíblia fala que de pai para filho até
> passa, mas para a terceira geração, não'', lamenta Paulo.
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> Para amenizar, ele brinca: ''Quem gosta de terra é a gente, que é
> tatu''. E Carlitos vai além, e diz que ''se você analisar a juventude
> de hoje é complicado.'' ''Mudou tudo. Um casamento hoje mais parece um
> desfile de moda, passa três meses e os casais já não se suportam. Meu
> pai falava há 30 anos que iria surgir a 'Era do Plástico', e é
> verdade. Hoje tem planta, flor, quase tudo que você vê é feito de
> plástico. Tem até bolo que enfeita festa de casamento e é de
> plástico.''
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> Davi Baldussi
> Reportagem Local