JOSÉ CARLOS FARINA, BLOGUEIRO E YOUTUBER

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

QUEM FOI O FUNDADOR DE ROLÂNDIA PR. ?

QUEM FOI O FUNDADOR DE ROLÂNDIA ?

Passados quase 90 anos de fundação, vejo que mesmo junto a professores de história, ainda há dúvidas sobre quem fundou Rolândia.

Quem fundou Rolândia foi a Companhia de Terras Norte do Paraná, que chegou aqui em primeiro lugar.

Para que fosse possível a venda de lotes urbanos e rurais, a Cia de terras CTNP tinha uma equipe de funcionários, que a partir de 1930, mediram e demarcaram todos os lotes, antes que os mesmos fossem oferecidos à venda.

Este trabalho começou por volta de 1930.

Em 1932 começaram a venda dos lotes agrícolas.

Estes lotes agrícolas foram adquiridos por quem quisesse comprar, desde é claro que pagasse uma certa importância de entrada. Nunca houve intenção da CTNP de formar um município ocupado por apenas uma etnia.

Assim, no ano de 1932, vários compradores de diversas etnias compraram dezenas de lotes. Neste ano tivemos as primeiras derrubadas de florestas e a formação das primeiras lavouras. A partir deste ano também já havia estradas precárias, para onde circulavam carros calhambeques com corretores e compradores.

Não há que se falar em exclusividade, nem para alemães, nem para outras etnias.

Neste ano a Cia de terras vendeu lotes para alemães, japoneses, russos, italianos, espanhóis, mineiros, paulistas, baianos, etc.

As etnias que predominaram na colonização de Rolândia foram as alemães, italianas e japoneses. Os alemães vinham do sul do Brasil e da Alemanha. Já os italianos e japoneses eram a maioria originários do estado de São Paulo.

Não podemos esquecer a participação de uma grande quantidade de mineiros, baianos e nordestinos.

Em menor quantidade tivemos também muitos pioneiros suíços, espanhóis, portugueses, poloneses, árabes e húngaros.

Em 1934, o Russo Eugenio Victor Larionoff, comprou um lote urbano e construiu a primeira edificação na área central da cidade. O marco zero. O Hotel Rolândia.

Com relação aos alemães e judeus, eles receberam reservas de lotes na região nas glebas Roland e Jaú, mas dividiram estas glebas com proprietários de outras etnias. Não tinham glebas exclusivas.

Oswald Nixdord, Erich Koch-Weser e Johanes Schauf foram encarregados de ajudar os alemães e judeus nas dificuldades surgidas nos primeiros anos, quando começou a derrubada da mata virgem.

Muitos judeus conseguiram escapar do holocausto graças a um plano fantástico. O partido nazista da Alemanha na década de 30 não permitia que os judeus saíssem da Alemanha com dinheiro. Assim a Cia de terras CTNP conseguiu trazer dezenas de famílias judias para cá, através de "compras" de trilhos efetivadas lá da Alemanha, para serem instalados aqui na Ferrovia São Paulo Paraná (EFSPP). Este dinheiro veio em uma hora boa. Acelerou a construção da ferrovia, que representou cerca de 70% o sucesso da colonização de Rolândia e do norte do Paraná. O trem circulava fizesse sol ou chuva.

Os italianos e japoneses também tinham as suas lideranças. Estas lideranças organizavam mutirões para socorrerem os vizinhos nas construções de escolas, conservação das estradas e nas colheitas.

Naqueles primeiros anos de colonização surgiram centenas de heróis anônimos. Não havia farmácias, hospitais, escolas e mercados. A solidariedade foi decisiva para que todos sobrevivessem.

Todos os que chegaram nos primeiros anos são considerados pioneiros e têm muita importância pelo trabalho realizado. Aproveitamos para homenagear neste artigo todos os pioneiros anônimos que derrubaram com machados as árvores imensas que haviam aqui para que surgisse as primeiras ruas, casas, comércios e lavouras

Rolândia teve milhares de heróis anônimos, que enfrentaram as agruras da mata, insetos, bichos e carência de todo tipo de conforto e de muitos alimentos e remédios. Entrevistei dezenas de pioneiros que vieram para cá com pouco dinheiro e passaram até fome, até que colhessem as primeiras safras. Nossas homenagens a todos os pioneiros. Foi um trabalho hercúleo. Uma epopeia. Exemplo para o mundo.

A única pessoa que podia falar que foi fundadora de Rolândia, Eugenio Victor Larionoff, falava que não, não era ele também. Ele falava que todo o trabalho de fundação e infra estrutura de todo o norte do paranás era mérito da Cia de Terras CTNP.

Temos que destacar o trabalho exemplar da Cia de terras, que demarcou todos os lotes e estradas. Planejou a cidade e distritos, nunca tendo aqui havido nenhum conflito pela posse das terras por eles vendidas. A documentação assegurava áreas precisas, todas servidas por rios ou nascentes e estradas nos espigões.

O Hotel Rolândia inaugurado em outubro de 1934 foi importantíssimo na tarefa de abrigar os pioneiros enquanto pensavam qual o melhor lote e qual a estratégia para a derrubada da mata e plantio das primeiras lavouras.

A chegada da ferrovia em janeiro de 1936 representou 70% do sucesso da colonização. O trem trafegava com chuva e com sol, trazendo os pioneiros, as sementes, implementos e até animais. Depois também carregava as safras até os portos e Santos e Paranaguá.

Rolândia produziu milhões de sacas de café por décadas, tornando conhecida em todo mundo como a rainha do café.

Fui vereador na década de 80 e 90 e me lembro que formamos uma comissão de vereadores para estudar estes dados históricos. Eu era um dos membros. Também fizeram parte Nikolaus Schauff e Nelson Armacolo. Na época ouvimos historiadores e pioneiros. Solicitamos documentos e informações junto a Cia de terras. Formamos uma pasta que deve estar arquivada na Câmara. O diretor Reginaldo Borroff deve saber onde está arquivada.

As conclusões foram estas que expus acima.

Concluímos também que Rolândia foi fundada em 29 de junho de 1934.

OBS: Quando estive vereador apresentei um projeto de lei que foi aprovado e que homenageou centenas de pioneiros. Para que as famílias recebessem a homenagem tinham que preencher um questionário, que foi arquivado para registro de todos os pioneiros, que chegaram entre 1932 até 1940. Espero que o setor de cultura tenha todos estes documentos arquivados.


TEXTO E FOTO BY JOSÉ CARLOS FARINA