VOLTEI AO PASSADO
Outro dia voltei sozinho no sítio dos meus avós onde passei os melhores dias da minha infância. A CASA não estava lá. A tulha e o paiol não estavam lá. O curral e a vaca Mimosa não estavam lá. A égua Gaúcha não estava lá. As galinhas, frangos e porcos que meu avô tratava todo dia não estavam lá. O pomar com os pés de Mexerica não estava lá. A horta onde minha avó plantava pimentas e verduras não estavam lá. O fogão caipira com fumaça saindo pela chaminé não estava lá. Os pés de café não estavam lá, nem os pés de quiabo , abóbora, pepinos e melancia. Continua lá o rio todo assoreado, sem peixes e com poucas árvores. As águas que passaram aí por este rio se encontram em alguma parte do oceano. Continua lá a terra fértil, produzindo agora muita soja e trigo. Deixei lá algumas lágrimas de tristeza e alegria, molhando aquele solo para mim sagrado. Meu passado continua lá. No meu cérebro este filme continua ativo e colorido. Nada é eterno. Os personagens deste filme estão partindo aos poucos. Não demora e ninguém mais vai se lembrar deste sítio encantado, da minha infância querida, que não volta mais.
Um dia, quem sabe, em espirito, possa reunir todos os personagens , sentados ao redor de uma grande mesa, saboreando as carnes gostosas assadas no forno caipira de tijolos a lenha, preparadas pela tia Luiza, avô Dolores e minha mãe, e poder ouvir de novo as estórias engraçadas do tio Mané e tio Toni. E depois do almoço a molecada correndo para o banho de cachoeira. Ver de novo minha avó Dolores cuidando para que ninguém se afogasse. Coitada nem sabia nadar, mas advertia,: Zé Carlos não vá na parte funda da rio.... E era apenas um riacho com uma lâmina de água que não passava de 30 cm. Amor de vó... Vou encerrar e enxugar as lágrimas que escorrem no meu rosto. JOSÉ CARLOS FARINA. Rolândia norte do Pr.