Originalmente criado para ser um veículo de guerra, o Jeep se adaptou bem às necessidades das gerações seguintes que angariavam um veículo forte para os trabalhos do dia a dia, principalmente nas atividades agropecuárias. Foi por essa necessidade que o carro apareceu na família do eletricista industrial Valmir Edmar Juchen, de Rolândia.
Ele conta que quando era pequeno sua família tinha uma propriedade no município, onde produziam leite e café. O pai, Werno Frederico Juchen, utilizava um modelo de 1951 para transporte de trabalhadores, da produção agrícola e também usava o automóvel para movimentar implementos como trituradores, moedores, misturadores, entre outros, graças a um trem de força acoplado na parte traseira do veículo, que era ligado à transmissão. Com isso, o Jeep realizava múltiplas funções, e era considerado o braço direito da família.
Depois do modelo 1951, Werno Juchen, em busca de um veículo mais novo, adquiriu um Jeep 1959 e, tempos depois, um 1979. Com o crescimento da cidade, a família teve que vender a propriedade, que ficava onde hoje está localizado o centro industrial de Rolândia. O modelo 1979 ficou na garagem por muitos anos e o dono optou por comercializar o veículo. "Depois de vender, meu pai se arrependeu", lembra Valmir.
Para resgatar a memória do Jeep na família, principalmente a do pai, em 2010 Valmir comprou um Willys 1965. "Comprei para ele (o pai) matar a saudade e lembrar dos bons tempos", observa. Mas Werno faleceu aos 75 anos e nem teve a chance de aproveitar o presente, lembra Valmir, que fez da paixão do pai, seu novo hobby.
Quando comprou o Willys 1965, itens como bancos, rodas e volante não eram originais. Por isso, o eletricista aproveita seus momentos de lazer para cuidar do Jeep e, aos pouco, deixá-lo o mais original possível.
O veículo
O modelo é equipado com um motor original de 2.6 litros a gasolina de seis cilindros em linha. O Jeep conta com as opções de transmissão 4X2 ou 4X4 com reduzida. O veículo, salienta o eletricista, não foi feito para correr, mas sim para passar obstáculos em trilhas off road. Valmir salienta que a única adaptação que fez no Jeep foi a inserção da ignição eletrônica e o freio a vácuo para melhorar o desempenho da frenagem do veículo. Ele recorda que, quando comprou, somente 20% do veículo poderiam ser considerados originais.
O Willys 1965 possui rodas originais de 16 polegadas e pneus de modelo militar, compostos com sulcos maiores. E quem tem veículo antigo, não pode ter dó do bolso: Valmir revela que já gastou mais com a reforma do que na compra do próprio veículo, que na época foi adquirido por R$ 13,5 mil. "Acessórios são os itens mais caros", avalia o eletricista, que quer ver todos os acessórios funcionando perfeitamente no carro.
Atualmente, ele está trabalhando no trem de força acoplado atrás do Jeep para lembrar dos veículos utilizados pela família quando seu pai ainda trabalhava no campo. Para isso, ele já desembolsou R$ 5 mil para a compra do equipamento. Mesmo com os gastos, Valmir não se arrepende dos investimentos que faz porque tem em sua garagem uma raridade: "Antes o Jeep trabalhava, agora ele desfila", descreve o entusiasta. - Ricardo Maia - Reportagem Local