Câmara de Londrina cassa o mandato do vereador mais votado do Paraná
Sessão de julgamento do vereador Émerson Petriv (PR), conhecido como Boca Aberta, durou mais de nove horas neste domingo (15). Ele era acusado de fazer uma "vaquinha" na internet para pagar uma multa eleitoral.
Por Ederson Hising, G1 PR
15/10/2017
Os vereadores entenderam que houve quebra de decoro parlamentar por parte de Boca Aberta. (Foto: Reprodução/RPC)
A Câmara de Londrina, no norte do Paraná, cassou na tarde deste domingo (15) o mandato do vereador Émerson Petriv (PR), conhecido como Boca Aberta, por 14 votos a 5 votos. A sessão de julgamento do vereador mais votado do Paraná em 2016, com 11.480 votos, durou mais de nove horas.
Os vereadores entenderam que houve quebra de decoro parlamentar por parte de Boca Aberta, que fez uma "vaquinha" na internet para pagar uma multa eleitoral.
Confira como votaram os 19 vereadores:
Vilson Bittencourt – Sim
Roberto Fú – Não
Péricles Deliberador – Sim
Professor Rony – Sim
Pastor Gerson Araújo – Sim
Mario Takahashi – Sim
Junior Santos Rosa – Sim
João Martins – Sim
Jamil Janene – Sim
Filipe Barros – Sim
Felipe Prochet – Sim
Estevão da Zona Sul – Sim
Eduardo Tominaga – Sim
Daniele Ziober – Não
Amauri Cardoso – Sim
Ailton Nantes – Sim
Jairo Tamura – Não
Guilherme Belinati – Não
Boca Aberta – Não
O parecer da comissão, apresentado na terça-feira (9), indicava para quebra de decoro parlamentar. Conforme a denúncia, protocolada por uma servidora municipal, o vereador pretendia juntar R$ 8 mil para o pagamento da multa, mas só conseguiu R$ 1,7 mil. Ele alega ter doado o dinheiro recebido. Boca Aberta também nega que tenha cometido a quebra de decoro.
A conclusão do relatório apontou que o vereador usou inverdades para pedir dinheiro para a população, pois havia sido condenado pela Justiça Eleitoral por pedir votos em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) durante as eleições do ano passado. A justificativa de Boca Aberta na "vaquinha" era de que estava sendo punido por defender a população.
As duas horas para a defesa do vereador foram divididas entre ele e o advogado. (Foto: Vinicius Frigéri/RPC)
Julgamento
A sessão começou às 8h sem a presença do vereador acusado, que chegou ao Plenário depois das 9h. Foram lidas 11 peças do processo que fazem parte da investigação contra Boca Aberta, oito pedidas pela defesa e três pedidas pelo relator. A leitura levou mais de seis horas.
Por volta de 14h45, o advogado Eduardo Duarte Ferreira iniciou a defesa do vereador e argumentou cerca de uma hora. Boca Aberta utilizou o restante do tempo total de duas horas para a defesa, utilizando vídeos e até se ajoelhando no Plenário ao pedir para não ser cassado.
Antes de começar a votação, o vereador afirmou que tinha provado a inocência. "Eu provei por a mais b, com fatos, com vídeos e com áudio que eu não cometi crime. Eu falei que eu ia provar. Eu não cometi crime, eu apenas fiz uma vaquinha. Estou sendo crucificado, morto e sepultado”, disse ajoelhado e chorando.
Para a votação, o relator da comissão, vereador Rony Alves (PTB), indicou uma única questão para ser respondida pelos parlamentares: "O vereador Émerson Miguel Petriv, praticando as condutas narradas na representação, praticou infração ético-parlamentar passível de punição com a cassação do seu mandato?".
Ao final da votação, a sessão foi suspensa por alguns minutos e, na sequência, houve a leitura do decreto legislativo sobre a cassação do mandato de Boca Aberta. O suplente que deve ficar com a vaga dele é Roque Neto (PR), que já foi vereador por dois mandatos na cidade.