Boa alimentação, prática regular de atividades físicas, não fumar, não consumir bebidas alcóolicas, evitar o estresse. Hábitos simples como estes são os principais responsáveis por garantir longevidade e qualidade de vida. A substitução dessas práticas por uma rotina nociva que inclui sedentarismo, consumo de alimentos calóricos, gordurosos e industrializados e exposição frequente ao estresse, entretanto, têm causado uma importante transformação nas condições de saúde das pessoas.
Enquanto até a metade do século passado 50% das mortes eram causadas por doenças infecciosas, atualmente elas respondem por apenas 5% dos óbitos. Em contrapartida, aumentou substancialmente a proporção das mortes decorrentes de doenças crônicas causadas principalmente pelo estilo de vida inadequado.
De acordo com a médica Rose Meire Pontes, coordenadora médica da Medicina Preventiva da Unimed Londrina, em 2005 a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que 49% dos 35 milhões de falecimentos daquele ano em todo o mundo foram causados por doenças crônicas. A previsão é de que em 2030 as doenças crônicas respondam por 70% do total de mortes e representem 56% das doenças que acometem a população mundial.
No Brasil, o Censo 2010 do IBGE aponta que 59,5 milhões de brasileiros, ou 31,3% da população, afirmaram ter pelo menos uma doença crônica e quase 6% declararam ter mais de três. Doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, obesidade, síndrome metabólica, doença pulmonar obstrutiva crônica e certos tipo de cânceres são as principais patologias e, quase sempre, têm em comum os fatores de risco similares associados a exposição prolongada a três comportamentos cotidianos: tabagismo, regime alimentar desequilibrado e sedentarismo.
O consumo de tabaco, por exemplo, é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular. ''Quer continuar fumando? Aceite que você estará dentro desta estatística'', enfatiza Rose Meire.
O sedentarismo é outro mau hábito que deve ser combatido. Ser fisicamente ativo, por outro lado, ajuda a prevenir e controlar doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e osteoporose, além de aumentar o nível de energia, ajudar a reduzir o estresse e diminuir os níveis de colesterol e pressão arterial.
A médica enfatiza que o estresse também pode levar ao adoecimento e explica que, apesar de se tratar de uma reação natural do organismo e ser importante para adaptação e sobrevivência, tende a se tornar crônico quando mantido por períodos prolongados e frequentes. ''Nesse caso, o indivíduo pagará um preço bastante alto por essa adaptação biológica natural: pressão alta, derrame, infarto, enxaqueca, insônia e depressão são alguns dos problemas mais comuns que decorrem do alto nível de estresse'', diz.
A médica lembra que os bons hábitos - capazes de reduzir em 80% o risco de desenvolver as doenças crônicas - são adquiridos nas primeiras fases da vida. ''Se educamos uma criança a ter alimentação adequada, ela vai crescer com este conceito e comer bem. Mas não basta falar, é preciso dar exemplos e que a familia viva essas práticas no dia a dia.''