Na década de 70, Rolândia foi destaque no cenário nacional com sua equipe de ciclismo, que tinha atletas de ponta e ganhou inúmeros títulos pelo Brasil. E hoje, mais de 40 anos depois, a história se repete. Criada em 2010, a equipe Ciclismo Rolândia/For Bikes, mantida pela Secretaria de Esportes da cidade, trabalha mais de 20 atletas da base e já começa a ver despontar seus primeiros talentos.
E tudo começou graças a um elo histórico. Idealizador e técnico da equipe desde que ela foi fundada, José Roberto Moraes é filho de José Moraes, um dos integrantes do time que iniciou a tradição do ciclismo rolandense, na década de 70. No início, a ideia era montar uma escolinha da modalidade, mas em poucos meses o projeto cresceu, a equipe foi ganhando adeptos e, três anos depois, coleciona medalhas em campeonatos estaduais e nacionais. "Começamos com duas, três bicicletas emprestadas", relembra o técnico.
Nestes três anos de história, cerca de 50 jovens já passaram pela equipe. A maioria até já deixou o ciclismo, mas Renata da Silva Lopes, de 16 anos, e Vitor Bayerl, de 17, continuam firmes. A dupla está na equipe desde o seu início e já há algum tempo colhe os frutos do longo período de treinos.
Renata começou a se destacar em 2011, quando faturou duas medalhas – ouro e prata – nas Olimpíadas Escolares, em João Pessoa (PB). De lá para cá, a garota mostrou uma grande evolução, consolidada neste ano com a conquista de seis medalhas – quatro de ouro e duas de prata – no Campeonato Brasileiro juvenil, em maio, em Maringá. Resultados que já fazem a jovem ciclista sofrer assédio de outras equipes e ser observada de perto pelos técnicos da seleção brasileira. "Equipes de São Paulo, hoje o maior centro do ciclismo no Brasil, já sondaram ela. Neste brasileiro que ela ganhou todas estas medalhas, o técnico da seleção (Émerson Silva) também já perguntou dela. Então é uma menina que tem futuro", observa o treinador.
Ciente do assédio, a própria atleta já admite que seu futuro deve ser longe de Rolândia. "Pretendo ficar aqui mais um ano, terminar o ensino médio, e depois ir para uma equipe mais forte, de São Paulo", projeta Renata. Tudo pela meta de um dia representar o País. "Quero ir para a seleção adulta, disputar grandes competições", sonha a menina, que no final de setembro disputou o Sul-Americano da Juventude com o Time Brasil, no Peru – conquistou duas medalhas de bronze.
Vice-campeão das Olimpíadas Escolares de 2011 e terceiro colocado no nacional juvenil do ano passado, Bayerl foi campeão paranaense no último final de semana e promete mais para o ano que vem. "É surpreendente o crescimento dele, pois está no primeiro ano de júnior, competindo com atletas um ano mais velhos e isso faz diferença. A esperança é que ano que vem seja ainda melhor", destaca o técnico.
O próximo da fila de destaques já está na espera. É Leonardo Gonçalves, campeão da seletiva estadual das Olimpíadas Escolares 2013. O garoto, que já jogou futebol e fez artes marciais, diz que se "apaixonou pela magrela" e já sonha com um futuro profissional no esporte. "A gente treina para um dia chegar à seleção. Vamos trabalhando aos poucos, investindo no sonho para chegar lá", afirmou ele.
O técnico não esconde a satisfação com os resultados. "A gente fica feliz, é muito gratificante ver esses atletas despontando e conseguindo conquistar coisas que a gente nem esperava quando começamos com a equipe. Temos dificuldades com estrutura, falta um pouco de apoio também, mas eles compensam isso com muito esforço e dedicação. E o resultado está aí", falou Moraes. "Meu sonho é vê-los um dia arrebentando numa seleção brasileira", encerrou.