Em plena era tecnológica, os ouvintes das rádios AM ainda convivem com as antigas interferências sonoras que muitas vezes acabam tornando inaudíveis seus programas preferidos. Mas este velho problema está com os dias contados. Um decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff no início do mês permite que as emissoras que operam na faixa AM migrem para a faixa FM.
"Acompanhamos de perto da permissão de migração feita pelo Ministério das Comunicações e temos certeza que praticamente 100% dos nossos associados devem aderir à proposta. Essa iniciativa será responsável pela revitalização das rádios AM, que poderão oferecer aos seus ouvintes um produto com maior qualidade técnica e sem interrupções de sinal. Vale destacar que Londrina possui emissoras de rádio que são referência nacional e que com a migração poderão ampliar seus públicos. A mudança será benéfica para todos", afirma Márcio Villela, presidente da Associação das Emissoras de Rádio Difusão do Paraná (Aerp).
Proprietário da Rádio Paiquerê AM, uma das três emissoras mais antigas da cidade (no ar desde 1957), João Baptista Faria, popularmente conhecido como J.B. Faria, avalia de forma positiva a proposta de migração ofertada pelo Ministério das Comunicações. "Ainda existem alguns pontos que não ficaram muito claros no decreto, mas acredito que a iniciativa será bastante favorável e atende a uma antiga reivindicação de melhoras de qualidade na transmissão das ondas AM", afirma.
Oliveira argumenta que com a migração para a faixa FM, os ouvintes não terão mais dificuldade em sintonizar a programação da rádio, aumentando a audiências as emissoras migrantes. "Na faixa AM, o sinal é cortado basicamente por interferência elétricas que podem ser causadas até mesmo por semáforos de LED, que cortam o sinal do rádio dos carros. Prédios com muito aparato eletrônico, como os edifícios modernos da Gleba Palhano, também podem ocasionar esse problema. Temos muitos ouvintes que dizem adorar a programação da Rádio Paiquerê, mas têm dificuldade de sintonizar nossa emissora em determinados ambientes. Com a migração isso tudo deve terminar", enfatiza.
Apesar de proporcionar uma disputa equilibrada com as emissoras FMs no quesito qualidade de sinal, Oliveira afirma que pretende continuar com a programação basicamente focada em notícias, esporte e serviços de utilidade pública. "As rádios AM têm um importante papel no que diz respeito à prestação de serviços. Não tocamos uma música sequer das cinco e meia da manhã até nove e meia da noite. Vamos continuar com esse enfoque de lutar pelo bem da nossa cidade, pois temos um público bastante fiel, ao contrário do público das emissoras FM que só tocam música e que tem um ouvinte mais volúvel, que não hesita em trocar de emissora quando ouve uma música que não gosta", ressalta.