Mais três pessoas foram presas na manhã de ontem pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público (MP) Estadual, por suposta participação no esquema de compra de votos de vereadores que beneficiariam o prefeito Barbosa Neto (PDT). O vereador Eloir Valença (PHS), o chefe de gabinete do prefeito, Rogério Lopes Ortega, e o diretor de participações da Sercomtel, Alysson Tobias de Carvalho foram presos na manhã de ontem por policiais do Gaeco, que também cumpriram mandado de busca e apreensão de documento na residência dos suspeitos e na Câmara Municipal.
Os três já tinham sido convocados para depor na condição de testemunhas, mas o Gaeco fez o pedido de prisão temporária para que eles não interferissem nas investigações, segundo o delegado Alan Flore. ''O pedido de prisão foi feito há alguns dias, mas somente na noite de segunda-feira o juiz (da 3 Vara Criminal de Londrina, Mário Azzolini) acatou e deu a ordem de prisão'', explicou. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada.
Na avaliação de Flore, ''existem elementos que sustentam a prisão dos três'', mas o delegado não entrou em detalhes de qual seria a participação de cada um no esquema denunciado pelo vereador Amauri Cardoso (PSDB), que também culminou na prisão em flagrante do ex-secretário de Governo do prefeito e atual coordenador de campanha do PDT, Marco Cito, e do empresário Ludovico Bonato, juntamente com R$ 20 mil. Este teria sido o valor oferecido para que Cardoso votasse contra a instalação de comissão processante contra o prefeito.
Ortega e Carvalho não falaram nada durante o depoimento ao Gaeco. Já o vereador, segundo o delegado, apresentou ''uma versão incompatível com os elementos já coletados'' no inquérito. ''Não posso ressaltar detalhes, mas temos elementos seguros que apontam para a prática delitiva, tanto que a Justiça reconheceu esses elementos que são sustentados por nós e acabou por decretar essas prisões. E para ser decretada uma prisão cautelar é necessário requisitos estabelecidos por lei'', defendeu.
O advogado de Cito, do chefe de gabinete do prefeito e do diretor de participações da Sercomtel, João dos Santos Gomes Filho, admitiu que dificilmente conseguirá reverter as prisões temporárias. ''Embora essas prisões tenham um prazo de cinco dias, elas acabarão antes disso. Isso porque o Cito foi preso na última terça-feira, então na quinta-feira (amanhã) vence o prazo de dez dias para que o Ministério Público ofereça a denúncia contra os réus. E se a denúncia for oferecida, a lógica da prisão temporária para que eles não interfiram nas investigações acaba'', alegou.
Sobre seus outros dois clientes, o advogado alegou que eles estão ''muito tristes, passando por um momento difícil''. ''Eu recomendei que eles não falassem nada porque não conheço as mídias (vídeos que foram feitos para o Gaeco com ajuda do vereador Amauri Cardoso). Então essa é uma estratégia da defesa'', explicou.
O coordenador do Gaeco, promotor Cláudio Esteves, adiantou que o inquérito será finalizado até amanhã e ressaltou que outros devem ser iniciados. ''Podemos ter desdobramentos dessa investigação.'' Na manhã de ontem foram ouvidos como testemunhas os vereadores Marcelo Belinati (PP) e Rony Alves (PTB) e amanhã o prefeito Barbosa Neto (PDT) deve ser ouvido às 14 horas em seu gabinete. (Colaborou Micaela Orikasa)