POR DANIEL STEIDLE
Ontem fui lembrar o que o meu avô dizia sobre “ser amigo”: “amigo é aquele que está junto nos momentos bons e ruins”. Estou num momento muito ruim, querendo desistir de lutar “contra os moinhos de vento”, de ser visto como um “D. Quixote das causas perdidas”.
A causa ambiental, aprendi pela dedicação de muitos anos, é antes de tudo uma luta pelos direitos das pessoas. O direito a ser diferente, de poder ter e dar opinião, sem sofrer represália.
Vejo tantos ficando desanimados de lutar. Agora entendo melhor o porquê. Senti bem isso ontem. Medo. Na época em que protestávamos contra o lixão também senti o medo. Apareceram pessoas da prefeitura para intimidar os manifestantes: “cuidado, sua filha é professora na rede municipal”. O movimento na época foi se esvaziando, o lixão foi instalado. Mas ficou a lição: lutar não é ser vencedor ou derrotado. Lutar é ter um sentido maior na vida, de estar em paz com sua consciência.
A paz mais uma vez está sendo perturbada em Rolândia. Há mais ou menos um ano moradores rurais do município, já sofredores da poluição de indústrias próximas, pediram-me socorro. Da mesma forma como me solidarizei com moradores de Londrina preocupados pela mudança do lixão deles, participei nas discussões sobre a vinda a Rolândia de uma indústria de baterias. Afinal, não importa se o problema é no meu quintal ou no quintal do outro. O ambiente não conhece limite e é de todos! Vi logo que o principal problema não era se uma indústria de baterias é ou não perigosa. O problema maior foi o sigilo e as ameaças. De o prefeito ridicularizar e desqualificar pessoas publicamente, de colocar uma discussão comunitária como se fosse uma rixa pessoal. Repetidas vezes o prefeito, olhando em minha direção, mencionava: “alguém, por ter publicado sua opinião num jornal, foi o culpado de Rolândia não ter ganhado o lucrativo negócio de uma central regional de tratamento de lixo”. Por sorte o amadurecimento maior da população fez mais vozes dissonantes se manifestarem. Os meios de comunicação independentes conseguiram levantar um debate maior. “O negócio da indústria de baterias” adormeceu.
Agora o negócio ressurge com força total em outro lugar no município. Será que as eleições a vista são a razão? Essa vez a nova localidade não é tão “longe” do meu quintal. Será represália por ter “incomodado” os negócios da prefeitura? Um castigo para servir de exemplo? Até parece - um funcionário de alto escalão da prefeitura lamentou da indústria de baterias não querer se instalar ainda mais perto de minha moradia. O clima de “briga pessoal” cresce.
O prefeito teria prometido muitos empregos novos num distrito próximo com a chegada de uma nova empresa, mas que a finalidade do negócio precisava ser mantida em segredo. Os vizinhos mais próximos da área já comprada pela indústria de baterias foram neutralizados com a garantia que nada tinham a se preocupar.
Desde domingo, dia 6, dia em que fiquei sabendo da história procuro sensibilizar a comunidade rolandense a se inteirar. Muito mais do que a vinda de uma “indústria de baterias” potencialmente poluidora são preocupantes as manobras sigilosas e o clima de medo. Estou ficando exausto e desiludido.
Mas estou feliz por ver que também existem amigos, minha família e inúmeras pessoas que corajosamente assumem a luta pelos direitos humanos.
Amigos, ouvi de um bombeiro: “Na hora de agir frente a um acidente não existe mais um líder, cada um é totalmente responsável pela solução do problema.” Este princípio cria uma equipe capaz de salvar vidas.
Na nossa situação de Rolândia, é urgente reconhecermos que na questão do “negócio de baterias” não se trata de briga pessoal, estrelismos, autopromoção, nem política. Trata-se do respeito que cada um de nós merece! Trata-se do nosso Município, do nosso lar, da amizade, que independente de nossas diferenças, pode nos unir.
Daniel Steidle, 08-05-12
“...independente de nossas diferenças, podemos nos unir”
3ª feira, dia 15 de maio, às 18:30 h., no Sindicato Rural de Rolândia, poderá ser um momento especial para pedir o respeito que cada um merece.
Estará em pauta na reunião do Conselho de Defesa do Meio Ambiente a questão da “indústria de baterias” que quer instalar-se em Rolândia.