Carboidratos, proteínas... As calorias são todas iguais?
Redação Bonde*
Será que uma caloria de qualquer grupo nutricional tem o mesmo significado? Ou seja, será que 100 calorias de líquidos doces (como Coca Cola ou Gatorade) têm o mesmo significado que 100 calorias de pão de farinha branca ou de batatas fritas, brócolis ou feijão? Será que se você queimar as 100 calorias através de atividade física regular, a diferença entre esses alimentos não teria importância? Há fortes evidências de que as calorias sejam bem diferentes, nos diferentes tipos de alimentos, principalmente em sua metabolização. Recentemente, um estudo publicado na revista médica the Journal of the American Medical Association (JAMA), por uma equipe do Boston Children's Hospital, avaliou dietas com as mesmas quantidades de calorias, mas com proporções diferentes de carboidratos, proteínas e gorduras. A primeira dieta estudada foi com baixo teor de gorduras e rica em carboidratos(60%). A segunda dieta foi muito restrita em carboidratos (10%) e rica em gorduras e proteínas, como a proposta pelo Dr Atkins. A terceira dieta foi chamada de baixo índice glicêmico, pois utilizou quantidade intermediária de carboidratos (40%) com baixa capacidade de causar picos de glicose no sangue. São carboidratos naturais ou minimamente processados, provenientes de frutas, vegetais sem amido, leguminosas e castanhas.
Ao avaliar o metabolismo corporal dos pacientes submetidos às três dietas, os autores encontraram a primeira diferença entre elas. A dieta pobre em carboidratos induziu a uma queima extra de 350 calorias ao dia em relação à dieta rica nesse nutriente, o equivalente a uma hora de exercícios físicos moderados. Apesar disso, a dieta do Dr Atkins cursou com alterações nos marcadores inflamatórios do sangue, fatores esses ligados ao risco cardiovascular e à mortalidade. A dieta rica em carboidratos foi a que induziu a menor queima calórica entre as três. Essas dietas causam picos de açúcar no sangue, que por sua vez estimulam a produção de quantidades extras de insulina. Esse hormônio tem a característica de armazenar as calorias ao invés queima-las. Além disso, essa dieta induziu a alterações importantes, como elevação dos triglicérides e redução da fração boa do colesterol, o HDL.
A dieta de baixo índice glicêmico induziu à queima extra de 150 calorias em relação à dieta rica em carboidratos, o equivalente a uma hora de exercícios físicos leves, sem as alterações metabólicas das duas outras. A conclusão dos autores é de que as calorias são mesmo diferentes e que é chegado o momento de reduzirmos ao máximo o consumo de carboidratos processados, pois dessa forma teremos mais chances de alcançar e manter peso ideal, bem como de evitar doenças relacionadas à alimentação.
*Por Ellen Simone de Paiva, endocrinologista e diretora do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional.