O Sr. Adalberto Junqueira, dono da farmácia São José, localizada bem na centro da cidade, onde hoje é o calçadão, tinha um grupo de velhos amigos que o visitavam todos os dias, até o fechamento do expediente, principalmente na semana de plantão. No começo da noite começavam a aparecer, um por um, até completar o quadro. Sabiam a hora de chegar e a hora de sair. Eram infalíveis. Todos os dias, mesmo quando o Sr. Adalberto não estava eles vinham. Arnaldo Zorzeto, gerente do Bradesco, que no passado tinha sido grande jogador de futebol, no famoso Batatais, Enges Trassi (Angelo alfaiate), Angelo Armacolo, fazendeiro de café, pai do Ticão e do Celso, Severino ( pai do Quinca), funcionário concursado da prefeitura, Vitorino Abrunhosa, grande comerciante, Antonio de Paula, fazendeiro de café, João Venturini, fazendeiro, Nahin Adas, fazendeiro, Angelo e Mario Colussi, fazendeiros, João Castelani, pai de Sidney e do Sergio, responsável pela Rede Ferroviária, bastante culto, atualizado nas notícias do Brasil e do mundo, e não muito raro aparecia também o corretor de imóveis, Sr. José Farina, muito amigo do Sr. Adalberto e de todos, conhecedor profundo do Nacional (NAC), de quem trazia as novidades, e, raramente, Vitorio Constantino, amigo intimo de longa data e diretor do colégio e professor de latim e francês. O terror dos alunos burros. Eu tinha medo dele. Cada um tinha uma tendencia. Eu admirava muito a paciência do Sr. Arnaldo Zorzeto na confecção de seus cigarros de palha. Era um verdadeiro ritual. Colocava ali toda a sua devoção, concentração e paciência. Gastava o mesmo tempo na confecção também no consumo. Como ele mesmo dizia: - Agora vou degustar meu cigarro. O Sr. Adalberto guardava as palhas e o fumo tietê previamente picado e já desfiado em uma caixa redonda de jacarandá, uma madeira nobre, forrada com folhas e figo e sementes de imburana. Colocava a caixa em cima do balcão e aquele que fumava podia se servir. As palhas eram fervidas no leite e secadas na sombra. Fiz muito isso, bem como picar e desfiar fumo. O cheiro da fumaça do cigarro era sentido longe. Eram os membros mais ou menos efetivos da confraria. De vez em quando aparecia um corpo estranho... era denominado de "sapo", mas era sempre bem vindo. Ali deliberavam sobre tudo e todos. Sabiam de tudo o que acontecia na cidade. Nunca houve alguma coisa que desabonasse e denegrisse a imagem de alguém .. alguma palavra indecorosa... Mas, ai daquele que tivesse o infortúnio de cometer qualquer delito, por menor que fosse. Uma escorregadela só e já ganhava de imediato um apelido. ali era o filtro... a vida da cidade passava ali. Daquele grupo não vazava nada. nenhuma informação. Afinal eram homens de uma integridade a toda a prova. Ali também era a "pedra", nome popular do local onde se faziam negócios.... compra e venda de casas, sítios e carros. URBANO RODRIGUES ( irmão do Mauro Rodrigues e "Boca" ). Urbano reside em Paranavaí-Pr.