A crise financeira e administrativa levou alguns dos principais hospitais filantrópicos da região de Londrina a situações críticas com a necessidade de intervenção da Justiça. Nos últimos anos, os hospitais Cristo Rei, de Ibiporã, e a Santa Casa de Cambé passaram por intervenções com afastamento de diretores para início da recuperação das contas e garantia de pagamento dos funcionários. Um ano após a intervenção em Ibiporã, a história pode se repetir em Rolândia.
Salários atrasados, dívidas e a indefinição sobre os futuros administradores são alguns dos problemas enfrentados, atualmente, pelo Hospital São Rafael, que também pode sofrer uma intervenção por causa da crise financeira. A instituição tem um prejuízo de R$ 180 mil mensais com uma dívida de aproximadamente R$ 6 milhões, conforme a direção da unidade. A situação se agravou ainda mais após a eleição de uma nova diretoria que alega que não teve acesso aos balanços financeiros do hospital e pediu o cancelamento do pleito para não assumir o local. Já a atual gestão não aceitou a proposta de permanecer no cargo por mais 90 dias e deve deixar a administração da unidade no fim deste mês.
Além disso, 56 servidores municipais, entre eles, médicos, dentistas e auxiliares de enfermagem, receberam os salários referentes ao mês de maio atrasados por causa do bloqueio no repasse da prefeitura ao hospital. O prefeito de Rolândia, José de Paula Martins, afirmou que o depósito mensal foi realizado, mas uma divergência com a Receita Federal não permitiu o acesso ao montante para o hospital realizar o pagamento em dia dos funcionários municipais.
SOBRECARGA
O prefeito confirmou que pacientes de Rolândia são encaminhados para hospitais de Cambé, Arapongas e Londrina em casos de urgência e emergência quando o São Rafael está com o atendimento sobrecarregado. "Em 30 dias, vamos ampliar o horário de funcionamento do Pronto Atendimento de 15 horas para 24 horas para desafogar os atendimentos básicos no hospital", afirmou.
José de Paula adiantou que vai entrar em contato com o Ministério Público para discutir a possibilidade de intervenção judicial a pedido da promotoria para evitar o fechamento do hospital. "A intervenção pode ocorrer, pois nosso objetivo é manter o atendimento sem o fechamento da unidade", declarou. A chefe da 17ª Regional de Saúde, Terezinha Sanchez, defendeu a intervenção da Justiça como o "melhor caminho" para se ter acesso às contas do hospital com objetivo de realizar um diagnóstico financeiro do local. "Apesar do hospital ser particular, ele deve prestar contas pois recebe verbas públicas pelo atendimento no SUS. Por esse motivo, a unidade pode passar por uma intervenção", afirmou.
Além disso, uma reunião será realizada amanhã entre o prefeito de Rolândia, a 17ª Regional de Saúde e o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar), em Londrina, para discutir a possibilidade do Cismepar assumir o hospital.
Quando a FOLHA visitou o São Rafael na última semana, a dona de casa Maria de Fátima Virgínia reclamou do atendimento do marido, paciente de diabetes, que foi internado no hospital em Rolândia. De acordo com ela, o quadro do paciente piorou em 24 horas e a família não foi comunicada da situação. "Eu vim aqui para visita e fiquei sabendo que ele passou muito mal de madrugada. Agora, ele vai ter que se levado para outro hospital", criticou.