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Transplantes de coração, rins, córneas e fígado vão beneficiar pelo menos seis pessoas; número de doações deve dobrar este ano
Apesar da dor da perda, a família de uma funcionária pública de Rolândia que faleceu na última sexta-feira encontrou forças para dar uma grande demonstração de solidariedade. Após diagnosticada a morte cerebral de Márcia Cristina Martins Algarte, 47 anos, seu esposo, filhos e outros familiares se reuniram e autorizaram a doação de seus órgãos. O gesto nobre pode mudar a vida de outras seis pessoas que moram no Paraná.
A equipe médica do Hospital do Coração de Londrina, onde Márcia faleceu, realizou a primeira captação de órgãos da instituição. Coração, rins, córneas e o fígado de Márcia se mostraram aptos a serem transplantados. Um jovem da região de Londrina recebeu o coração já na noite de sexta-feira. O transplante foi realizado com sucesso na Santa Casa de Londrina pelos cirurgiões cardiovasculares Arnaldo Okino e Rafael Santoro.
Os rins, córneas e fígado foram encaminhados de avião a Curitiba, onde seriam transplantados para outros pacientes do Paraná. Por meio da assessoria de imprensa, o cirurgião Rafael Santoro informou ainda que o coração do paciente que recebeu o novo órgão também seguiu para Curitiba para que dele possam ser aproveitas as válvulas aórtica e pulmonar.
‘‘Nossa dor é muito grande, mas saber que os órgãos da minha tia irão ajudar outras pessoas a viver melhor é uma forma de amenizar um pouco esse sofrimento’’, afirmou Caroline Serpeloni Martinelli Lima, sobrinha de Márcia. Ela contou que a tia trabalhava no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) de Rolândia e faleceu após sofrer três convulsões.
‘‘Minha tia era muito obesa e por causa disso estava com problemas na coluna e hipertensa, mas há um ano e meio ela fez a cirurgia de redução de estômago e perdeu mais de 40 quilos. Há seis meses que ela não apresentava mais nenhum problema de saúde. Porém, na quarta-feira pela manhã ela teve uma convulsão e foi levada ao hospital de Rolândia, que a encaminhou para Londrina’’, relatou Caroline.
A sobrinha contou que após sofrer outras duas convulsões a tia teve morte cerebral diagnosticada pelos médicos do Hospital do Coração, para onde foi encaminhada. ‘‘Os médicos falaram da possibilidade de doar seus órgãos. Após uma reunião familiar, o esposo e os dois filhos dela autorizaram a doação’’, completou.
Segundo a coordenadora da Comissão de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Copott) para a macrorregião de Londrina, as doações de múltiplos órgãos têm aumentado nos últimos anos. A expectativa é de um crescimento de 100% neste ano em relação a 2011, quando foram realizadas 17 doações. Nos dois primeiros meses de 2012, seis doações já foram autorizadas.