Rolândia - A possibilidade de instalação de uma indústria de baterias em Rolândia é causa de preocupação para moradores das áreas urbana e rural. Na tentativa de impedir que a fábrica opere naquela cidade, um grupo de rolandenses está se mobilizando para conscientizar a população sobre os riscos de contaminação por chumbo.
Os agricultores Zaira e João Barreto são vizinhos da propriedade onde poderá funcionar a indústria e se mostram bastante insatisfeitos com a possibilidade. ''Moramos aqui há 37 anos e não queremos que essa fábrica venha para cá. Ficamos receosos porque o chumbo é muito perigoso'', justificaram. O terreno que fica ao lado da propriedade do casal, na PR-170, faz divisa com uma nascente que deságua nos ribeirões Caiobi e Águia, cujas águas são usadas por vários moradores daquela região. ''Temos medo de poluir o solo e a mina'', desabafaram. ''Já temos o lixão aqui em frente e é um transtorno; essa fábrica vai ser mais uma dor de cabeça.''
Além de participar do grupo que está se mobilizando para tentar barrar a instalação da indústria, Zaira e João estão colhendo assinaturas de moradores das zonas rural e urbana para apresentar à Prefeitura. ''Estamos tentando impedir de todas as maneiras, mas se não for possível, teremos de sair daqui. Dizem que vai ser apenas um centro de distribuição, mas quem garante que depois não vão manipular chumbo?'', questionou o casal, que no final do ano passado foi procurado para vender parte do sítio para o novo proprietário do terreno vizinho, de cinco alqueires.
Para o educador ambiental Daniel Steidle, que também tem propriedade naquela região, o problema não está apenas na localização da indústria, mas também no ramo de atividade do empreendimento. ''Tem que ser em um local onde existe fiscalização e um polo industrial adequados. O perfil de Rolândia é outro. Não tem como abrigar uma fábrica dessas'', defendeu.
De acordo com Steidle, os funcionários que já estão trabalhando no terreno disseram aos vizinhos que se trata de uma indústria de baterias. Ele acrescentou que a informação foi confirmada por uma imobiliária da cidade. ''Outros municípios pequenos bateram o pé e não aceitaram a instalação. Nós vamos fazer o mesmo e conscientizar a população sobre os riscos que estamos correndo.''
Segundo a professora Neusa de Almeida Heinemann, que também integra o movimento, a luta para impedir a instalação da indústria começou há cerca de um ano, quando alguns rolandenses foram informados que a fábrica seria instalada próxima ao curtume da cidade. ''Mas isso não aconteceu e agora voltaram a comentar o assunto. Tenho informações de que é uma fábrica de Londrina que está querendo vir para cá. Como temos um pouco de conhecimento sobre os efeitos do chumbo, vamos conscientizar a população e deixar claro que não queremos o empreendimento em lugar nenhum'', comentou.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Rolândia esclareceu que ainda não foi informada oficialmente sobre a possível instalação de indústria dessa natureza na cidade. ''O que se sabe, por enquanto, extraoficialmente, é que um empresário comprou uma área particular para instalação de uma nova empresa na expansão do Parque Industrial de Rolândia até o Distrito de São Martinho'', informou, por meio de nota, a administração municipal.