Alterações recentes nos estilos de vida, como as atividades em ambientes fechados e o uso de filtro solar, que elimina quase cem por cento a síntese de vitamina D pela pele, têm levado à queda em seus níveis. O excesso de exposição ao sol faz mal, mas evitá-lo por completo está longe de ser uma boa medida. O sol estimula a pele a produzir a vitamina D, essencial para o desenvolvimento dos ossos.
Porém, as crianças estão entre as principais vítimas da falta da vitamina por causa desse novo estilo de vida. Do apartamento para a escola, da escola para a natação, da natação para o inglês. O tempo para brincar é limitado e fica cada vez mais difícil encontrar aquelas que trocam o videogame por uma brincadeira ao ar livre. Por conta disso, a maioria das crianças toma menos sol do que deveria e por sua vez, caem os níveis de vitamina D do organismo.
''A vitamina D tem responsabilidade sobre a saúde óssea. Ela leva o cálcio do sangue para dentro dos ossos'', explica o médico nefrologista Abel Esteves Soares. Segundo ele, a pessoa pode tomar ou consumir alimentos com cálcio, mas sem a vitamina D não há absorção pelos ossos.
O nefrologista acrescentou que a vitamina D tem outras funções importantes no organismo e que atualmente tem sido bastante estudada. ''Há pesquisas que indicam que ela reduz o risco de câncer, melhora o controle da diabetes e ajuda a proteger contra problemas no coração, além de estar relacionada ao aumento da imunidade''.
O médico observa que uma alimentação balanceada favorece o equilíbrio dos nutrientes no organismo, mas nem todas as vitaminas que ingerimos estão prontas para desenvolver suas respectivas funções. A vitamina D, por exemplo, passa por vários processos químicos até ficar pronta para ser usada pelo corpo.
O que consumimos nos alimentos é uma substância precursora da vitamina D, chamada de pró-vitamina D, de acordo com o médico nefrologista Abel Esteves Soares. A primeira fase da transformação desta substância depende da luz do sol. ''A radiação ultravioleta é responsável por colocar esta substância transformada na corrente sanguínea'', explicou.
Segundo ele, uma vez no sangue, esta substância passa pelo fígado e rins, onde outras modificações são feitas. ''Os rins em especial são responsáveis por ativar a vitamina para que ela seja usada pelo organismo'', disse.
O sol tem importância fundamental na preparação desta substância para o corpo e a baixa exposição aos raios ultravioleta faz com que muitas pessoas tenham deficiência de vitamina. A recomendação é que se tome alguns minutos de sol direto antes das 10 horas e sem protetor solar.
O médico pediatra José Carlos Schaefer ensina que a criança até um ano de idade deve receber 400 unidades de vitamina D por dia, mas ainda assim o banho de sol é indicado. ''Recomendamos que até os doze meses as crianças sejam levadas para tomar sol três vezes por semana, por cerca de dez minutos. O ideal é que elas fiquem expostas com pouca roupa naquele sol fraquinho, antes das 10 horas'', explicou. Ele lembrou que o sol tem que incidir direto, não pode ser filtrado por uma janela de vidro, por exemplo.
Para as crianças com mais de um ano, a recomendação é a mesma. Brincadeiras e passeios no sol da manhã ajudam a manter a saúde em dia. Como muitas famílias não conseguem manter esta rotina, Schaefer considera o suplemento vitamínico importante. ''Está se valorizando esta vitamina, a falta dela está associada a baixa imunidade. Para as crianças é fundamental porque ajuda a ter um crescimento saudável'', disse.