Rolândia - Dezenas de eucaliptos e sibipirunas cortadas nas áreas de passeio público e de preservação permanente (APP) localizadas próximo à nascente do Ribeirão Vermelho. Este foi o cenário com o qual moradores da Rua Europa, em Rolândia (região metropolitana de Londrina), se depararam na manhã de ontem. O corte teria sido resultado de um erro da empresa contratada para a limpeza do terreno.
''Levei um susto quando acordei e vi tudo destruído. Eu e outros vizinhos costumávamos caminhar no entorno do terreno, e as crianças usavam o espaço para brincar, aproveitando a sombra das árvores. Agora, não tem mais nada'', afirma, revoltado, o morador José Pedro de Oliveira, que reside em frente o terreno há mais de 30 anos.
Para a operadora de máquinas Fátima Riquetti, que passa pelo local todos os dias e mora nas proximidades, o problema começou com o corte das árvores do terreno, iniciado há cerca de uma semana. ''Os passarinhos estão desesperados. Começaram a aparecer muitas aranhas, ratos e até cobra em casa, o que antigamente não acontecia'', destaca.
O secretário de Meio Ambiente de Rolândia, Paulo Lovato, informou que a prefeitura não recebeu solicitação e não liberou o corte de qualquer espécie de árvore no local. Segundo Lovato, ontem uma equipe da secretaria constatou o corte irregular das árvores na área de passeio público e notificou os responsáveis pelo empreendimento para que seja feita a recomposição da vegetação. Os trabalhos devem ser iniciados no prazo de 20 dias.
Um consultor da construtora proprietária do terreno reconheceu o erro ao autorizar o corte das árvores da área do passeio público e garantiu que a empresa vai recompor a vegetação local. Sobre o corte das árvores da área de preservação permanente, ele destacou que a ação seguiu a autorização da lei federal que prevê a distância máxima de 30 metros a partir da margem do rio.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, porém, o Plano Diretor do município não autorizaria o corte de árvores, independentemente de se tratar de espécie nativa ou exótica, a menos de 70 metros da nascente do ribeirão, com o intuito de garantir a preservação dos fundos de vale. Lovato garantiu que enviaria uma equipe técnica até o local para verificar a possível irregularidade e afirmou que a empresa poderá sofrer punição administrativa. Ele não especificou o valor da multa.
O presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Antônio Carlos Mendonça, detalhou que havia sido realizada, no final do ano passado, uma reunião entre a construtora responsável pelas obras, conselheiros de meio ambiente e a prefeitura para discutir a execução do empreendimento. A construtora teria se comprometido a apresentar um projeto de compensação ambiental com a construção de um parque ecológico na área.