FOLHA DE LONDRINA
Gravação revela prefeito negociando votos, diz MP
O Ministério Público (MP) do Paraná entrou com uma ação de investigação judicial na 160 Zona Eleitoral de Pinhão contra o prefeito eleito de Reserva do Iguaçu (Centro-Sul), Emerson Ribeiro (PSDB), por compra de votos e utilização de violência contra pessoas ligadas ao seu adversário político nas eleições de outubro de 2012. A advogada do chefe do Executivo, Melissa Carrer, negou o fato e disse que já apresentou a defesa de Emerson na 160 na segunda-feira. Outras cinco pessoas e um vereador, que não tiveram seus nomes divulgados, também são citados na ação.
Segundo o MP, que se sustenta em interceptações telefônicas, o candidato do PSDB ''por diversas vezes durante sua campanha eleitoral ofereceu, prometeu e entregou combustíveis e outras vantagens econômicas a eleitores do município de Reserva do Iguaçu, o que inclui o pagamento de contas de água e luz, com o fim de obter-lhes o voto (...) e utilizou-se de violência e grave ameaça contra as pessoas em Reserva do Iguaçu, agredindo fisicamente adversários políticos e seus familiares''.
Segundo o MP, em uma das conversas gravadas entre o prefeito e outra pessoa, entre 5 e 15 de outubro, a discussão é sobre um cidadão que estaria cobrando uma dívida em combustível. No diálogo, Emerson responde: ''Diga pro D. que pelos votos dele o que eu dei de dinheiro já é suficiente''. Ainda segundo o MP, em outra ligação ocorrida na véspera das eleições, Emerson diz a um colega que ''podem surrar o piá, botar pra correr; (...) podem surrar, só não se incriminem; batam no estômago, no testículo...''. A responsabilidade criminal relativa aos fatos apurados está sendo investigada pela Polícia Federal e pela Polícia Civil em Pinhão.
A advogada disse que os fatos levantados pelo MP não correspondem com a verdade, e que os trechos das ligações retirados pelos promotores ''dão a entender'' o que diz a ação, mas eles tinham outro contexto. ''A interceptação não prova a compra de votos, a distribuição de combustível ou mesmo a agressão física. São pedaços de conversa esparsos de uma conversa maior. Eles isolaram fragmentos e deram a entender isso, mas com a história inteira a tese do MP cai por terra'', afirmou.
A advogada salientou que não acredita na procedência da ação. ''Contudo a ação já causou grande revolta popular. Meu cliente está tranquilo e caso a Justiça eventualmente acate a ação, ele continua com a consciência tranquila'', finalizou. O prefeito estava em uma viagem para Curitiba na tarde de ontem e não foi localizado para falar sobre o assunto.
Paula Barbosa Ocanha
Reportagem Local