Jornalista cubana Yoani Sánchez diz que os manifestantes lhe dão energia
por
Batista Cruz
Publicada em 19/02/2013
Foto: Tribuna Feirense
Yoani Sánchez: sem perder a calma
A blogueira cubana Yoani Sánches disse estar acostumada às calúnias, ao responder à acusação feita por manifestantes contrários à sua presença em Feira de Santana, de ser financiada pelo governo dos Estados Unidos para falar mal de Cuba mundo afora, por meio do twitter. Ela negou as acusações.
Pequena, longos cabelos castanhos e um sorriso discreto que parece não desaparecer, mesmo sob tensão, no Museu do Saber Dival Pitombo Yoani falou para uma plateia cuja grande maioria não lhe era favorável. Foi interrompida algumas vezes e respondeu a alguns questionamentos. Em Cuba, afirmou, as manifestações são parte do cotidiano. A diferença é que lá são organizadas pelo governo.
Afirmou que a manifestação, que considera um ato democrático, lhe dá energia. Esteve serena o tempo inteiro. Não levantou a voz em nenhum momento. Não fugiu do debate. Em resposta a uma estudante, perguntou se tinha visitado Cuba. A jovem, depois de um discurso inflamado, respondeu que não. “Em Cuba um sapato custa 10 pesos. Nem todos podem comprar um”.
Disse que o blog Generación Y, que tanto incomoda as autoridades cubanas e irrita mundo afora simpatizantes do regime comandados pelos irmãos Castros há mais de 50 anos, fala do cotidiano do povo cubano. O problema é que o dia a dia de Cuba não é normal. E isto irrita as autoridades que não querem que a realidade seja vista, e os simpatizantes que preferem trocar a realidade pela utopia. Yoani, com a sua simplicidade, contradiz a versão oficial.
Afirmou que não é política. Mas falar mal do governo cubano é traição. “Onde está o país com igualdade para todos?”, questionou. Diz que não mais acredita nos conceitos filosóficos e políticas entre a direita e a esquerda. “Acredito na modernidade”. Comenta que as acusações que lhes são feitas pelo regime que combate com as palavras se repetem como um disco de vinil com sulcos. Disse que Cuba é muito mais do que um regime ou partido político. “É um país”.
A blogueira vai percorrer vários países. Depois do Brasil, vai para República Tcheca. “Será uma volta ao mundo em 90 dias”. Deverá regressar a Cuba em maio. “Se as autoridades não me deixarem entrar em meu país vai ser uma ilegalidade muito grande”.
Ela afirmou não temer violência. Mas o seu acompanhante, que fez as vezes de tradutor, não a deixou sair da sala antes que tivesse a certeza de que o foyer do Museu não representava perigo. “Ela é uma mulher”, argumentou, depois de um afobado pedido do ex-vereador Ângelo Almeida de que fosse falar à plateia.
Ao chegar ao Parque do Saber o clima não era dos melhores para a cubana, que foi levada para uma sala, onde ficou mais de meia hora, enquanto o senador petista Eduardo Suplicy conversava com os esquerdistas que estavam exaltados – várias tendências participaram da manifestação. Saiu depois que foram dadas garantias de que lhe seria dado o direito de falar.
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