Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e 3 meses (17 anos e 6 meses de prisão em regime fechado) pelo assassinato de Eliza Samudio, morta em junho de 2010. A confissão do goleiro diminuiu em três anos sua sentença. O promotor do caso, Henry Vasconcelos, disse que está satisfeito com a decisão do júri na madrugada desta sexta-feira (8), no Fórum de Contagem, Minas Gerais. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher de Bruno, foi absolvida, como havia sido solicitado pela promotoria, por 4 votos a 3.
Logo após a decisão dos jurados, o promotor do caso afirmou: "A Dayanne foi absolvida do jeito que eu queria, reconheceram o sequestro, reconheceram a autoria. Mas o júri entendeu que a Dayanne foi coagida". E em uma rede social, o advogado de defesa, Tiago Lenoir postou: "Fim de julgamento! Acredito que fizemos um bom trabalho em plenário. Dayanne foi a primeira ABSOLVIDA no caso Bruno".
Antes mesmo do anúncio da sentença, a defesa do goleiro já informara que recorreria da decisão. Segundo o advogado Lúcio Adolfo, Bruno "ficou decepcionado, mas não chorou".
Com a admissão de Bruno de que Eliza foi assassinada - e ele foi informado do que ocorreu -, a defesa se distanciou ontem da linha inicial de argumentação, em que destacava não haver corpo e realçava dúvidas sobre o próprio assassinato. Os defensores de Bruno chegaram a falar em uma pena "em torno de dez anos", por uma "participação menor" no crime e pediram reiteradamente aos jurados que fizessem "Justiça".
O advogado Lúcio Adolfo destacou que "a imprensa" já havia sentenciado os réus e "esperava a condenação" também por parte do conselho de sentença. Na sequência, distribuiu vendas às cinco mulheres e dois homens do júri, lembrando que a Justiça "é cega".
Bruno foi dissimulado, diz juíza. No momento da leitura da sentença, Bruno pediu para não ser filmado e entrou olhando para o chão, na sala do julgamento. A juíza Marixa Fabiane deu início ao fim do julgamento afirmando que, por quatro votos, o réu foi condenado por homícidio triplamente qualificado, por sequestro e cárcere privado de Bruno Samudio, além da ocultação do cadáver de Eliza.
A juíza não poupou palavras duras contra Bruno durante a condenação. "A culpabilidade dos crimes é intensa e altamente reprovável. Agiu de forma dissimulada da sua real intenção e, sendo um jogador de futebol famoso, a sociedade reconheceu seu envolvimento. Não foi a primeira vez (que ameaçou a vida de Eliza), mas foi certamente a última". Para Fabiane, o goleiro acreditou que o sumiço do corpo garantiria sua impunidade e mostra a irreal compreensão dos valores da sociedade.
'Sabia e imaginava'
O último dia do julgamento começou com um pedido de reinterrogatório dos dois réus. Dayanne confirmou que recebeu telefonemas do então policial civil José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, orientando sobre para quem deveria entregar o filho de Eliza e Bruno, quando tiveram início as investigações. Segundo Dayanne, Zezé agia por ordem de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, braço direito de Bruno, condenado em novembro pelo assassinato.
Dayanne contou que tinha e tem medo do ex-policial. "Pelo que Bruno falou, minhas filhas correm risco. Tinha medo e estou com medo agora, tanto dele (Zezé) quanto do Macarrão e da situação", declarou. Considerando que ela agiu sob pressão, o promotor pediu a absolvição.
Bruno, por sua vez, afirmou que "sabia e imaginava" que Eliza seria morta quando deixou seu sítio em Esmeraldas, na companhia de Macarrão e de Jorge Rosa. Em depoimento na quarta-feira, o goleiro já havia assumido que a ex-amante foi assassinada e admitiu que "aceitou" e "se beneficiou" do crime, mas ressaltou que só soube do homicídio após ter ocorrido. Ontem, em nova declaração, alegou que sabia que Eliza ia morrer "pelas constantes agressões" de Macarrão contra a moça e "pelo fato de ter entregado dinheiro para ela", que cobrava ajuda para cuidar do bebê.
Em novembro do ano passado já haviam sido condenados Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão (15 anos), e Fernanda Gomes de Castro (5 anos), ex-namorada de Bruno. Restam agora os julgamentos do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, considerado o autor do crime, Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio para onde Eliza foi levada, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro.
Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi assassinado em agosto de 2012 e Flávio Caetano Araújo, outro suspeito, já foi absolvido.
Com informações da Agência Estado