Rio - O menino João Felipe Eiras Sant'Ana Bichara, de 6 anos, foi encontrado pela polícia morto dentro de uma mala, na tarde de segunda-feira, em Barra do Piraí (RJ). A criança estava na casa de Suzana do Carmo de Oliveira Figueiredo, de 22 anos, que está presa acusada da morte. A mulher é manicure e amiga da mãe da criança, Aline Eiras Sant'Ana Bichara. A polícia suspeita que o crime tenha sido motivado por vingança. A segurança da delegacia precisou ser reforçada para evitar que a suspeita fosse linchada.
João Felipe sumiu por volta das 14h30 de segunda, após ser buscado na escola onde estudava, o Instituto de Educação Franciscana Nossa Senhora Medianeira. Segundo o delegado José Mário Omena, da 88ª Delegacia de Polícia (Barra do Piraí), Suzana teria ligado para o colégio se passando pela mãe do garoto, dizendo que ia buscá-lo porque ele tinha uma consulta médica. Ela foi à escola de táxi.
"Quando estava perto do colégio, ela simulou que estava falando ao celular e pediu ao taxista para pegar o garoto. Em seguida, o taxista os levou ao Hotel São Luiz, no centro da cidade, onde Suzana asfixiou a criança até a morte com uma toalha no rosto", contou o delegado.
Segundo Omena, cerca de 20 minutos depois de dar entrada, Suzana saiu do hotel carregando o menino nos braços, como se ele estivesse dormindo. Ela pegou outro táxi e voltou para casa, também no centro. Lá, a manicure o colocou dentro de uma mala. Depois, saiu para confortar a mãe de João Felipe.
Àquela altura, os pais do garoto já sabiam que ele havia sido pego na escola por um homem de cerca de 25 anos, que trajava bermuda (o taxista), e tinham feito um registro de sequestro na 88ª DP.
O caso rapidamente gerou comoção na região. O recepcionista do Hotel São Luiz viu a repercussão na internet e lembrou-se do menino que saiu do local supostamente dormindo nos braços de uma mulher, e ligou para o taxista que a levou em casa. O taxista, por sua vez, telefonou para a emergência da PM. Policiais militares do 10º Batalhão foram à casa de Suzana, onde encontraram o corpo de João Felipe dentro de uma mala.
A manicure, que naquele momento estava na casa dos pais da criança confortando o casal, foi presa. "Informalmente, Suzana confessou o crime, mas disse que só vai se manifestar oficialmente em juízo. Contou que tinha terminado um caso com Heraldo (Bichara de Souza Júnior, pai do menino) há um ano e meio, e que ele a estava perseguindo. A mulher afirmou que inicialmente pretendia só dar um susto na criança, mas como ele a conhecia e ia entregá-la, decidiu matá-lo", explicou o delegado.
Suzana foi presa em flagrante e indiciada por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, uso de meio cruel e mediante emboscada) e ocultação de cadáver. Se condenada, pode pegar até 30 anos de prisão. Até a tarde desta terça, Suzana não havia constituído advogado para defendê-la.
A reportagem telefonou para a advogada da escola, Tânia Maria Ferreira Moraes, mas ela não atendeu às ligações.