FOLHA DE LONDRINA - 14/06
Decisão provoca cancelamento de eleição de ontem para que comissão provisória escolhida tome posse e faça auditoria na cooperativa
Associados da Corol comemoraram ontem, durante reunião na Arcol, decisão do TJ de destituir atual diretoria
Marino Marson, produtor em Cornélio Procópio e ex-cooperado da Corol, reclamou de ter o nome no Serasa por causa das NCRs assinadas para a cooperativa
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) reconsiderou decisão anterior e validou a destituição da diretoria da Corol Cooperativa Agroindustrial, que dará lugar a uma comissão provisória escolhida em assembleia de associados no último dia 28. A eleição para os conselhos administrativo e fiscal da entidade, marcada para ontem na Associação Recreativa Cultural Corol (Arcol), foi suspensa porque havia sido convocada pelo atual presidente, Eliseu de Paula, que deveria estar afastado do cargo.
Cabe recurso da decisão em segunda instância do desembargador Luiz Sérgio de Lima Vieira, do TJ-PR. De Paula afirmou depois da reunião de ontem que pretendia apelar. "Vou recorrer para por a cooperativa em boas mãos", disse. Ele completou que já não se sente mais na direção da entidade e que só ficaria se a Justiça assim determinasse. À noite, no entanto, o advogado que representa a comissão provisória, Anacleto Giraldeli Filho, informou que representantes do presidente da Corol se prontificaram a fazer uma transição pacífica, para colocar fim à novela judicial. O grupo vai às 10h de hoje à sede da Corol para tomar posse.
Giraldeli Filho explicou que o desembargador havia suspendido os efeitos da Assembleia Geral Ordinária (AGO) do último dia 28, para comprovar a participação dos associados no abaixo-assinado usado para convocar a reunião. "Ele reconsiderou o despacho e tornou válida todas as deliberações que foram tomadas naquela assembleia, razão pela qual essa (de ontem) perdeu o efeito", disse. Na ocasião, foi eleito um grupo interventor para substituir os conselheiros da Corol.
Presidente da comissão provisória e do Sindicato Rural de Cambé, João Menolli afirmou que é preciso fazer uma auditoria dos ativos e passivos da cooperativa, para começar a renegociar as dívidas o mais rápido possível. "É uma caixa preta, não sabemos o que tem dentro, e vamos descobrir, em nome dos associados."
Segundo o balanço da Corol sobre 2011, as dívidas passam de R$ 300 milhões. Durante a assembleia do dia 28, os associados levantaram a hipótese de que o valor poderia chegar ao dobro, mas ontem Menolli não quis arriscar um número antes de uma auditoria, que ele acredita que fique pronta em até 50 dias. A apresentação dos números da gestão em 2012 não foi feita ontem, antes da suspensão da reunião.
Entenda o caso
A Corol entrou em crise em 2009 e começou a ter dificuldades para conseguir crédito nos bancos. Depois de tentar uma fusão com a Cocamar, a cooperativa de Rolândia acabou por arrendar parte da estrutura para o grupo maringaense e continuou com as dívidas, o que estremeceu a relação entre ambos.
Como garantia para os financiamentos em nome da Corol, 600 cooperados assinaram 903 Notas de Crédito Rural (NCRs) em 2009, que deveriam ter sido pagas pela associação. O estopim da revolta dos produtores rurais aconteceu quando foram executados pela dívida e ficaram com os nomes na lista negra do Serasa. Eles se revoltaram e, sob coordenação de sindicatos rurais de cidades da região, pediram a destituição da diretoria da Corol em assembleia à revelia do comando da cooperativa.
Fabio Galiotto - Reportagem Local
Produtores dizem que foram usados
O clima foi tenso na assembleia de ontem, convocada pela diretoria da Corol para eleição de novos conselheiros e apresentação do balanço de contas. Segundo os organizadores, cerca de 800 associados participaram, mas um grande grupo foi impedido de entrar e ficou em frente à Associação Recreativa Cultural Corol (Arcol).
O produtor Marlido Cassiano Neto, de Leópolis, era um dos mais revoltados. Com a sigla NCR (Nota de Crédito Rural) escrita na palma da mão, da qual dizia não saber nem o significado, ele reclamava que foi usado pela Corol. "A cooperativa pediu para assinarmos as notas, depois venderam a estrutura de Cornélio Procópio para outra cooperativa sem perguntar para a gente se era certo. Pedi minhas promissórias de volta, não me deram e agora não me deixam entrar."
As NCRs de Cassiano Neto eram de R$ 40 mil, mas o valor passa de R$ 56 mil com os juros. "A venda da minha colheita foi de R$ 12 mil. Se tiver de pagar, vou perder todos os meus bens", disse o produtor, que planta café em 1,5 alqueire. De Cornélio, Marino Marson estava na mesma situação e pelos mesmos valores, com a diferença de que chegou a ter o nome no Serasa. "Fui barrado porque não sou mais cooperado, mas eles fecharam a cooperativa de lá e não me devolveram as NCRs." (F.G.)
O produtor Marlido Cassiano Neto, de Leópolis, era um dos mais revoltados. Com a sigla NCR (Nota de Crédito Rural) escrita na palma da mão, da qual dizia não saber nem o significado, ele reclamava que foi usado pela Corol. "A cooperativa pediu para assinarmos as notas, depois venderam a estrutura de Cornélio Procópio para outra cooperativa sem perguntar para a gente se era certo. Pedi minhas promissórias de volta, não me deram e agora não me deixam entrar."
As NCRs de Cassiano Neto eram de R$ 40 mil, mas o valor passa de R$ 56 mil com os juros. "A venda da minha colheita foi de R$ 12 mil. Se tiver de pagar, vou perder todos os meus bens", disse o produtor, que planta café em 1,5 alqueire. De Cornélio, Marino Marson estava na mesma situação e pelos mesmos valores, com a diferença de que chegou a ter o nome no Serasa. "Fui barrado porque não sou mais cooperado, mas eles fecharam a cooperativa de lá e não me devolveram as NCRs." (F.G.)