O laudo da junta médica que avaliou o deputado licenciado José Genoino (PT-SP), um dos presos pela condenação no julgamento do mensalão, a pedido do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que não "é imprescindível a permanência domiciliar fixa". O parecer servirá de base para o presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, decidir se concede em definitivo a prisão domiciliar para ele.
A avaliação foi realizada no último sábado (23), em Brasília, por uma junta de médicos indicados pela UnB (Universidade de Brasília) e pelo Hospital Universitário de Brasília, coordenada por Luiz Fernando Junqueira Júnior, e o resultado foi divulgado hoje.
O documento diz que Genoino é portador de "cardiopatia que não se caracteriza como grave". Afirma ainda que ele é portador de hipertensão arterial sistêmica "leve a moderada", que deve ser controlada por meio do uso continuado de medicação, aliada a uma dieta com pouco sal e restrição de atividade física pesada. A junta médica afirma que o tratamento deve ser associado à "prática regular de leve a moderada atividade física aeróbica e restrição da influência de fatores psicológicos estressantes", acrescentando que não é "imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente".
O laudo observa ainda que ele é portador de "distúrbio de coagulação", que deve ser controlado por meio de exames periódicos para ajustar as doses do remédio. No entanto, reitera mais uma vez que, enquanto Genoino receber o tratamento anticoagulante, não é "imprescindível (...) a permanência fixa do paciente".
O relatório traz um breve histórico da saúde de Genoino e da cirurgia pela qual passou em julho. Ressalta que recentemente vivenciou um "intenso estresse emocional" e, desde a sua prisão, "vem apresentando um conjunto de manifestações clínicas sintomáticas, de forte componente psicossomático".
O laudo cita, entre as queixas do petista: dor de cabeça, palpitações, tontura, diarreia e constipação intestinal, rouquidão, anorexia, escarros ferruginosos e cansaço. Diz que os sintomas apresentados por Genoino recentemente, como escarros ferruginosos e sangramento nasal, provavelmente foram causados pela dose errada do remédio, "que uma vez ajustada fez desaparecer aquelas manifestações".
Ao ser avaliado pelos médicos no sábado à tarde, Genoino não apresentava nenhum desses sintomas, segundo o laudo, "apenas certa ansiedade, rouquidão e cansaço ao esforço de falar". A pressão arterial dele estava 12 por 8.
Na última quinta-feira (21), o deputado, que foi preso no dia 15 de novembro em São Paulo e depois transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, passou mal e foi internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.
Após ter sido descartada a hipótese de infarto, o parlamentar foi colocado em prisão domiciliar.
O documento foi encaminhado diretamente ao STF, porém não se sabe quando. Joaquim Barbosa poderá enviar o documento para análise da Procuradoria Geral da República antes de definir sobre o pedido ou decidir diretamente sobre o caso.