Entenda os efeitos do uso da maconha no organismo humano
Droga pode afetar atividade locomotora, humor, memória e pulmões.
Substância pode ser usada com fins terapêuticos para tratar câncer e HIV.
MARIANA LENHARO
Atividade locomotora
A maconha promove, de maneira geral, uma diminuição da atividade motora, fazendo com que a pessoa se movimente menos e possa chegar a um estado de sonolência. Porém, dependendo da dose de tetrahidrocanabinol (THC) – princípio ativo com efeitos mais pronunciados da maconha –, a reação também pode ser oposta, levando a uma sensação de euforia e intensificação dos movimentos.
Frequência cardíaca
Principalmente em pessoas que usam a droga pela primeira vez, pode haver um aumento da frequência cardíaca. “Não chega a ser um efeito que pode levar a um infarto, por exemplo, mas é um aumento muito evidente. A pessoa pode se sentir incomodada e ansiosa, e isso pode ser um risco no caso de indivíduos que tenham histórico pessoal ou familiar de transtorno de ansiedade ou pânico”, explica o biólogo.
Diminuição da temperatura e aumento do apetite
Assim como a maconha provoca a diminuição da atividade motora, também leva a uma diminuição da temperatura corporal, que configura um quadro de hipotermia. Ela pode ainda estimular o sistema digestivo e aumentar o apetite. Boca seca e olhos avermelhados também são alguns dos efeitos observados após o uso.
Humor
Quanto aos efeitos no humor do usuário, a droga tanto pode provocar relaxamento e calma quanto uma sensação de ansiedade e angústia. Novamente, isso depende das características do usuário e da substância. “Maconha com maior concentração de THC tende a induzir reações de ansiedade com maior frequência, em comparação com a maconha com menor concentração de THC, segundo estudos”, compara Maia. Quando o usuário tem histórico médico de ansiedade, os riscos de a droga despertar emoções negativas são maiores.
Pulmões
Os pesquisadores investigaram a associação entre o uso de maconha e possíveis efeitos adversos sobre a função pulmonar em mais de 5 mil pessoas. Os resultados mostraram que o uso intenso por longos períodos (mais de 10 anos) esteve associado a um declínio da capacidade pulmonar. Porém, o uso moderado, por até 7 anos, não causou grandes prejuízos aos pulmões, diferentemente do que foi constatado em fumantes comuns que, com a mesma frequência de uso, já apresentavam fortes efeitos adversos.
Memória
A maconha prejudica principalmente a memória de curto prazo e também a chamada memória de trabalho. “São efeitos transitórios, principalmente durante o uso. Mas, se pensarmos que uma pessoa usa a droga todos os dias, vai estar o tempo todo sob esse efeito prejudicial e não vai reter informações”, diz o pesquisador. Maia afirma que, depois de 28 dias sem usar a substância, as funções de memória e cognição voltam a ficar estabilizadas.
Dependência
Maia afirma que, apesar de existirem casos de dependência de maconha, ainda não foram feitos estudos clínicos que demonstrem, de forma clara, quais são os mecanismos desse tipo de dependência. “É um estudo difícil de ser conduzido. O que se sabe é que de 5% a 8% dos usuários da droga ficam dependentes. A porcentagem é baixa se comparada a outras substâncias, como nicotina, cocaína ou heroína”, diz.
A dependência, no caso da maconha, pode se caracterizar pela necessidade de aumentar a dose para obter os mesmos efeitos e também pelos sintomas de abstinência, como irritabilidade, falta de apetite e insônia.
Uso terapêutico
A eficácia do uso terapêutico da maconha está comprovada para reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia contra o câncer, amenizando náuseas e vômitos. Para pacientes com Aids em estágio terminal, que apresentem falta de apetite, a droga também pode estimular a fome e proporcionar uma melhor qualidade de vida à pessoa.
Estudos mostram, ainda, a eficácia da droga para reduzir dores neuropáticas em várias doenças, como esclerose múltipla. Os efeitos analgésicos da maconha podem, inclusive, substituir medicamentos como a morfina em casos em que o paciente desenvolve intolerância ao fármaco.
Em caso de glaucoma (lesão do nervo óptico), a Cannabis pode ter efeito redutor da pressão intraocular. Para quem tem epilepsia, estudos mostram que medicamentos à base de canabidiol podem ter efeitos anticonvulsivantes.