Dilma sofre derrota humilhante na Câmara Federal
Do Globo.com
‘Blocão’ derrota governo ao aprovar comissão para investigar Petrobras
PT tentou obstruir, mas base aliada conseguiu aprovar requerimento. Cinco partidos que integram ‘Blocão’ votaram contra orientação do Planalto.
Deputados no plenário durante a sessão que aprovou a criação de comissão externa para apurar irregularidades na Petrobras (Foto: Gustavo Lima / Agência Câmara)
Em meio à crise entre o governo federal e a base aliada no Congresso, a maioria dos integrantes do chamado “Blocão” impôs nesta terça-feira (11) a primeira derrota ao Palácio do Planalto no Legislativo ao aprovar a criação de uma comissão externa de deputados para investigar denúncias de propina na Petrobras. A comissão externa não é acusatória, é investigatória. Essa comissão é apenas para investigar. O bem da Petrobras é o que todos nós queremos, e esta Casa cumpriu seu dever.” Deputado Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara O texto recebeu 267 votos a favor, 28 contrários e 15 abstenções. De acordo com o requerimento, apresentado por DEM e PSDB, um grupo de parlamentares irá à Holanda para acompanhar as investigações sobre suposto pagamento de propina a funcionários da estatal pela empresa holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias petrolíferas. O texto aprovado pelos deputados contraria o governo, que alega que a investigação pode prejudicar a imagem da estatal do petróleo. O PT tentou obstruir a votação, utilizando instrumentos previstos no regimento interno para postergar a análise da matéria. A sigla obteve o apoio de PC do B, PDT e do bloco PP-PROS. Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a criação da comissão externa seria um “erro político” “Vai colocar a Petrobras em dúvida no plano internacional por uma investigação que não existe, e a Câmara ainda pode ficar em maus lençóis ao não ter acesso às investigações”, disse Chinaglia. Vai colocar a Petrobras em dúvida no plano internacional por uma investigação que não existe, e a Câmara ainda pode ficar em maus lençóis ao não ter acesso às investigações.” Deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara No entanto, a oposição e cinco partidos que formam o “Blocão” defenderam aprovar o texto, entre os quais o PMDB, segunda maior bancada da Câmara. A relação do Palácio do Planalto com a base aliada tem se deteriorado nos últimos meses. Partidos reclamam do não cumprimento de acordos quanto à liberação de recursos de emendas parlamentares, criticam a demora da presidente Dilma Rousseff em concluir a reforma ministerial, e se dizem excluídos das decisões políticas e de lançamentos de programas do governo federal. O foco da crise é a Câmara dos Deputados e a relação tumultuada que o Planalto tem com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com lideranças do PMDB, mas não convidou Cunha, o que foi interpretado por parlamentares como uma tentativa de isolar o líder peemedebista. Em resposta, o “Blocão” e a bancada do PMDB na Câmara anunciaram publicamente apoio ao peemedebista e disseram que eventual tentativa de excluí-lo significaria ignorar toda a base aliada da Casa.