FOLHA DE LONDRINA
INFRAESTRUTURA - Um quarto das rodovias pedagiadas no Paraná é regular ou ruim
Pesquisa da CNT mostra que pedágio caro não garante qualidade em todos os trechos privatizados
Trecho entre Arapongas e Mandaguari, sob responsabilidade da Viapar, recebeu avaliação negativa na pesquisa
"Por ser pedagiada, essa rodovia deveria ser lisinha e não é", diz o caminhoneiro João Batista Lacerda
José Florentino, caminhoneiro de Arapongas, só reclama do preço do pedágio: "um absurdo"
O engenheiro de automação Ademir Santos: "Eu não daria nem ‘regular’ porque não merece"
Apesar das elevadas tarifas de
pedágio pagas pelos usuários paranaenses, um quarto da malha rodoviária
privatizada no Estado é "regular" ou "ruim". Na edição 2014 da Pesquisa
de Rodovias da Confederação Nacional do Transporte (CNT), dos 2.738
quilômetros concedidos, só 763 (28%) receberam nota "ótimo" e 1.294
(47%) foram considerados "bons". Os trechos "regulares" totalizam 646
quilômetros (23,6%) e os "ruins", 35 quilômetros (1,3%). Só para se ter
uma ideia, em São Paulo, os trechos concedidos avaliados com notas
"ótimo" e "bom" chegam a 94,4% do total. Só 5,1% são "regulares" e 0,5%,
"ruins".
Um carro de passeio que sai de Londrina em direção a Maringá,
numa viagem de 100 quilômetros, paga R$ 6,80 na praça de Arapongas e
mais R$ 6,80 na de Mandaguari, ambas sob responsabilidade da Viapar. O
motorista desembolsa R$ 13,60, só de ida, para trafegar em trechos tidos
como "regulares" pela CNT.
Para o caminhoneiro João Batista Lacerda, de 53 anos, de Uberaba
(MG), a rodovia nem chega a ser "regular", se considerado o valor do
pedágio. Dirigindo um veículo com cinco eixos, ele deixou R$ 29 só na
praça de Arapongas na última segunda-feira . "Por ser pedagiada, essa
rodovia deveria ser lisinha e não é", afirma. Na opinião dele, estrada
boa é a paulista Anhanguera. "Para qualidade que tem aqui, o pedágio
está muito caro", avalia.
Outras rodovias pedagiadas apresentam longos trechos
classificados como "regulares". Uma delas é a BR-376. Entre Mauá da
Serra e Ponta Grossa (170 quilômetros), o usuário de carro de passeio
gasta R$ 28,50, em três praças da Econorte, sem passar por nenhum pedaço
avaliado como "bom" ou "ótimo".
Em todo o anel de integração estadual, formado pelas rodovias privatizadas
em 1997 pelo então governador Jaime Lerner, apenas dois trechos
são "ótimos". O primeiro fica na BR-369, entre Maringá e Cascavel, sob
responsabilidade da Viapar. São 250 quilômetros, onde se paga no total
R$ 29,30 (três praças). O segundo, de apenas 70 quilômetros, está na
BR-373 e na PR-151, entre Ponta Grossa e Piraí do Sul. Na via, paga-se
um total de R$ 14,90 em duas praças da Rodonorte.
Também recebeu nota "ótimo" o trecho da BR-116, entre São José
dos Pinhais e Rio Negro, concedido pela União em 2008. Ali, o pedágio é
mais barato. Num trecho de 110 quilômetros, o motorista de carro de
passeio paga R$ 7,60, em duas praças da Autopista Planalto Sul.
Avaliação
A
reportagem circulou na semana passada pelo trecho da PR-444, entre
Arapongas e Mandaguari, para saber o que os motoristas pensam sobre a
rodovia classificada como "regular". Os que circulam apenas na região
são mais generosos na avaliação. Já quem entra no Estado, passando antes
por São Paulo, é mais crítico.
José Florentino, de 54, caminhoneiro de Arapongas, só reclama do
preço do pedágio: "um absurdo". Com seu truck carregado de boi, ele
pagou R$ 19,50 na praça localizada no município. "Se não fosse a tarifa,
eu dava 'ótimo' para a estrada", afirma.
O engenheiro de automação Ademir de Souza Santos, de 39, não concorda com Florentino. Morador de Goiânia, ele estava no trecho da Viapar a
trabalho. "A relação custo/benefício desta estrada é onerosa para os
usuários. Eu não daria nota 'regular' porque nem isso merece. O pedágio
aqui é muito caro. A qualidade das estradas pedagiadas de São Paulo é
muito superior à das do Paraná", afirma.
Já o caminhoneiro Cleiton Stevanato Tourino, de 29, de
Mandaguari, considera o trecho "excelente". "Estou bem satisfeito. Não
tenho do que reclamar", declara.
COMENTÁRIO DO BLOG DO FARINA: Uma concessionária aí pegou o trecho de Arapongas a Maringá, prontinho, com pista dupla, e não poderia cobrar o preço que cobra por uma obra feita com os recursos 100% do povo paranaense. É a maior mina de ouro que se tem notícia no mundo. Com uma mamata assim eles deveriam cobrar não mais que R$ 1,00 real por carro e R$ 5,00 por caminhão. E afinal, quanto eles faturam em média por dia e quanto gastam? alguém do governo poderia informar aqui para o Blog do Farina, que de bobo só tem a cara e o jeito de andar? Perguntar não ofende. E olha que eu tenho uma tia em Arapongas e já deixei uma grana "pega" nos cofres desta empresa. Quem paga pode cobrar prestação de contas.