Mas se engana quem imagina que os habitantes do bairro estão contentes com a presença dos visitantes. Muito pelo contrário. Incomodados, eles cobram uma ação da prefeitura para acabar com a população cada vez mais crescente do molusco. "É só começar a escurecer e eles começam a aparecer aos montes", conta a dona de casa Merquídes Maria Quintino, moradora da Rua Josefina Martini Botura.
O pedreiro Geraldo Edson Benevides não sabe mais o que fazer para conter a proliferação dos caramujos. "Eles acabaram com a minha horta", diz. "Todos os dias aparece pelo menos uns quatro, cinco e eu tenho que pegar e jogar para fora do quintal", acrescenta.
Na Rua Jonas Matulaitis Neto, a situação é ainda mais crítica. "Caramujo desse aí (africano) é o que mais tem por aqui", revela a dona de casa Benedita Santos Borges, que diz estar bastante incomodada com os moluscos invasores. "Eles entram na casa da gente, comem a comida do cachorro. A gente sabe que é perigoso, temos crianças pequenas em casa. Já fizemos de tudo, mas não adianta. A gente implora para que seja tomada alguma providência."
A dona de casa mora ao lado de um terreno vazio e reclama que a falta de manutenção favorece o aparecimento do bicho. "O mato alto é bom para ele, aparece aos montes", destacou.
O biólogo Renan Oliveira reforça que a chuva e o mato alto são condições bastante favoráveis para a reprodução do molusco. "Ele depende da umidade para reprodução", atestou. "Outra coisa que favorece a proliferação é o transporte involuntário de juvenis, que são mais difíceis de serem vistos, pois são pequenos, daí muitas vezes é levados pelo próprio homem, sem saber, por exemplo, em carros, barcos", acrescentou.
Oliveira alerta ainda é necessário muito cuidado, já que o animal pode ainda causar doenças graves, como a meningite. "O ideal é, ao manuseá-los, utilizar sempre luvas plásticas ou elásticas, nunca de mão nua ou com ‘paninhos’, pois o nematoide (causador das doenças) pode passar pelo tecido", explicou o biólogo.
Para piorar, o caramujo ainda pode colaborar para aumentar as estatísticas da dengue. Depois de morto, o casco pode se tornar foco de água parada, ideal para para reprodução do mosquito Aedes Aegypti, causador da doença. Vale lembrar que em Londrina o índice de infestação chegou aos 7,9%, bem acima do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 1%.
A Vigilância Sanitária de Londrina afirmou que ainda não tinha conhecimento do problema porque não havia nenhuma notificação por parte de moradores, mas prometeu encaminhar uma equipe ao local nos próximos dias para colher amostras e enviar para análise e incineração. O órgão informou ainda que, caso seja confirmado o problema do mato alto em terrenos, os donos serão notificados a fazer a manutenção, sob pena de multa.
COMENTÁRIO:
Na zona sul de Rolândia, bairros convivem com este caramujo a vários anos. Na última semana uma moradora enviou fotos dos moluscos que estavam por toda a parte. Pedimos providências. Existe sérios riscos à saúde humana. JOSÉ CARLOS FARINA