Li o relato de Murilo Ferri, que conheci pequeno, assim como seu irmão, sua irmã e seus pais. sobre seu trabalho na Radio Rolândia.. Também trabalhei ali. E criei a frase que quase me deu a demissão, no primeiro momento, mas depois ficou como marca registrada. ZYS31 Radio Clube de Rolândia 1 kilo na antena, falando, para o Paraná, Brasil e o mundo... Na época, acredito que entre 1.957 a 1959, os proprietários eram os Dandreas, pai e filho, e o Senhor Amadeu Puccini. Funcionava na Av. Expedicionários, quase na frente da farmácia . As quintas feiras eram realizados os ensaios para os calouros que iriam se apresentar, caso fossem classificados, no programa das tardes de domingo. Tanto na quinta como no domingo, o auditório ficava lotado, o pessoal se espremia no fundo e nos corredores. Era uma festa. Aos domingos a radio apresentava a dupla Joãozinho e Lindinha, que para bem da verdade, eram feinhos, mas pessoas divertidas, simples, por isso muito queridos pelos fãs, seguramente a dupla mais famosa da região. Recebíamos centenas de cartas pedindo nossas fotos. Eu era o locutor oficial da noite, Ciro Fiala, era o sonoplasta... Formávamos uma boa dupla, e nos divertíamos muito. Ciro foi para Florianópolis, chegou a cabo e acabou jogando em um dos times da capital de Santa Catarina. faleceu cedo. Vivenciamos algumas estórias que até hoje me faz rir: Em um dos ensaios de calouros em uma certa noite de quinta feira, saiu da plateia, um moreninho magrinho, todo empertigado, bem arrumado, falando bem. Dandrea filho, apresentador, sabia tudo, ou achava que sabia tudo sobre musica. O que o ilustre vai apresentar? Vou cantar Adeus. Dandrea: Adeus cinco letras que choram, musica e letra sucesso imortalizado na poderosa voz do saudoso Francisco Alves. É esta mesmo? Ato continuo, o conjunto fez a introdução, e o garoto, dizendo, ADEUS, ADEUS ADEUS, começou a abanar a mão foi se mandando para o fundo do auditório, Dandrea desesperado, volta, volta, e o garoto completou, adeus. adeus e sumiu. O auditório em peso chorando de tanto rir.. era o Dandrea começar a falar que o publico começava a rir, tivemos de encerrar o ensaio. Ao que parece o moreninho tinha feito uma aposta com seus colegas que faria isso. - A Rádio comprou um gravador GELLOSO- duas pistas, branco, lindo... um luxo para uma emissora do interior. Os Dandreas foram para Guaraci gravar em um circo, um show da famosa dupla CASCATINHA E INHANA. A dupla autorizou a gravação. Passamos a semana fazendo a chamada para que ouvissem o show da dupla.. ninguém ousava ligar o aparelho. Fomos convocados para uma reunião no escritório para sermos os primeiros a ouvirmos o som do famoso gravador italiano... Foi um fiasco, uma decepção... Rolândia a ciclagem era 60 KVA, enquanto a ciclagem da eletricidade da cidade de Guaraci era de gerador, portanto ciclagem 50 KVA... diferente... A gravação ficou imprestável, uma lastima. Tempo e dinheiro perdido, mais ainda a explicação para a não apresentação do esperado show. Barbosa era um diretor preguiçoso, fazia a relação de musicas para cada dia da semana, de apenas um mês, e a mesma lista era repetida em todos os meses.. Mais de cinco mil LPs e o homem usava alguns poucos. Seus textos de propagandas eram extensos e chatos... Comecei a mudar a programação e o modo de apresentação, mais musica e textos enxutos. E ao final de duas ou três musicas, dizia que aquele bloco tinha sido uma oferta dos seguintes patrocinadores.. Fui chamado no escritório e o Dandrea Filho, disse: Sr. Tarcisio tem que entender que a Rádio vive de propaganda não de música... Sr. Dandrea ninguém fica ouvindo apenas propaganda, o que o Senhor Acha. Pois é, eu acho que ficou bom, mas não seria interessante, duas musicas ao invés de 3??? Vamos tentar.. Assim foi feito..
Todo mês recebíamos um long play finíssimo e enorme, 30 minutos de gravação de um único lado, um show, ou parte de um show de alguma rádio americana... Ciro colocava o disco no prato, eu fazia a apresentação e descíamos para tomar um café que ficava na parte de baixo da rádio. Certa noite assim que chegamos e pedimos o café começamos a ouvir shlap, shlap, shlap.. Oh Tonico, vai lá... arruma ou para essa coisa, seu disco está riscado.. Que nada, eu não tenho radiola, estava ouvindo um programa americano muito bom, e ai deu esse problema... Eu e o Ciro disparamos para fazer o show continuar e rezando para que o Chefe não estivesse na escuta aquela noite. Dandrea conseguiu contratar um dos melhores locutores esportivos do interior para transmitir os jogos do NACIONAL ATLETICO CLUB, NELO GAINET, uma figura, pessoa educada, muito bem informada, divertida e sem afetação alguma, apesar do seu currículo e fama, procurava nos incentivar e nos ensinava técnicas de respiração, técnica de dicção, enfim era um professor nato. Não tinha horário, mas adorava a rádio. Foi contratado pela Rádio Alvorada de Londrina, disse-nos que a oferta era irrecusável.. Uma pena, mais tarde Londrina começou, também a desmontar bom time do Nacional. Eu o Ciro, nos divertíamos emendando e misturando as palavras, assim VITÓRIO CONSTANTINO, advogado e diretor do Ginasio Estadual de Rolandia, transformava-se ou virava VITINO CONSTANTÓRIO. O mesmo fazíamos com as propagandas extensas escritas pelo Barbosa. Camisas e mais camisas, casas PERNAS BACANAS, avenada Interventiba Manoel Ror. Entre outras.. Os Cassetas apenas tiveram a sorte de aparecerem na televisão muitos anos depois.. Ciro pediu para treinar locução, naquela época sem fita cassete, ele era o sonoplasta. Pedimos autorização da chefia e começamos trocar as posições, ele na locução e eu na sonoplastia, e foi justamente na propaganda das casa Pernambucanas que aconteceu o desastre.. Ciro soltou a nossa frase completa e não aguentou soltou a maior risada e eu não fui rápido o suficiente para impedir que a mesma fosse ao ar. Dandrea, Amadeu Puccini, Barbosa, todos sintonizados na rádio para ouvir o teste do Ciro. A carreira de locutor quase acabou ali. Foi bronca de todo lado, mas o Ciro acabou sendo contratado porque o locutor da tarde mudou para outra cidade. Passei no vestibular e deixei a rádio, para ser mais tarde professor de Geografia. Foram bons tempos. Gostei do trabalho, tínhamos um excelente convívio, me diverti muito. O relato pode não ter muita graça hoje para quem Lê, mas foram de fato verdadeiras piadas que nos fez rir muito. E marcaram minha vida para sempre, são parte da minha história vivida em Rolândia, cidade onde cresci, passei a juventude, encontrei minha parceira, Irene ali na frente da casa dos FERRI cidade de minha família e de amigos verdadeiros e queridos. Amo Rolândia. TARCÍSIO MARTINS
NOTA:
O autor é filho do saudoso Senhor Martins, pioneiro de Rolândia, que possuía uma livraria onde hoje funciona a Funerária Bom Pastor. Ele é professor aposentado em Londrina, onde reside.
COMENTÁRIO:
Li com muito interesse o depoimento do (ainda chamo assim) Professor Tarcísio, do qual fomos alunos no Colégio Santo Antonio. Desconhecia sua passagem pela Rádio e me orgulho em saber que fomos colegas, anda que separados pelos anos. Sua cunhada Claudete é minha amiga no Face. Muito bom sabê-lo saudável e feliz por ter compartilhado boas lembranças! MURILO FERRI