Os pioneiros de origem italiana chegaram em Rolândia logo nos primeiros anos de colonização. A Companhia de Terras não privilegiou nenhuma colônia. A única exceção foi feita para um grupo de alemães e judeus, que conseguiram reservar uma parte da gleba Bandeirantes e Ribeirão Vermelho para as suas etnias. É que muitos alemães e judeus compraram terras aqui, quando ainda estavam residindo na Alemanha. Compraram trilhos de trens lá na Alemanha, que depois foram trocados por terras aqui em Rolândia. Com este dinheiro a Companhia de Terras conseguiu adiantar a construção da ferrovia, trazendo-a em um curto espaço de tempo de Jataizinho até Londrina (1935) e Rolândia em 1936.
Os colonos italianos se fixaram em todas as glebas. Não houve um planejamento para que ficassem próximos aos seus conterrâneos. Da mesma forma aconteceu com os japoneses e portugueses. Os poloneses e húngaros (em número bem reduzido) se fixaram na gleba Ceboleiro.
A grande maioria dos pioneiros italianos vieram da região de Ribeirão Preto e Jaú. A maioria pertencente a segunda geração no Brasil. Na década de 1880 a 1900, houve uma grande imigração de italianos do norte da Itália para a região de Ribeirão Preto. Trabalharam muito naquela região e às custas de muito trabalho e economia, muitos vieram tentar a sorte no norte do Paraná por causa da fama das terras roxas, da qualidade das águas e o bom clima. Outro detalhe importante que os motivou foi o fato de não termos aqui a terrível formiga saúva.
A maioria dos pioneiros italianos (99%) queriam mesmo é “fazer a América” plantando e colhendo café Eles tinham experiência, pois a maioria já trabalhava com esta planta lá na região de origem (Ribeirão Preto e Jaú)
Foi muito difícil os primeiros anos, não só para os italianos, mas para todas as etnias. O trabalho de derrubar a floresta e preparar a terra para o plantio de café e cereais era lento. Nem todos tinham dinheiro para contratar trabalhadores braçais.
Outras dificuldades
Os mosquitos vinham aos milhares perturbando a vida de todos durante o trabalho de dia e à noite. Muitos aprenderam a fumar cigarros de palha tentando espantá-los. Mas pouco adiantava.
Nos primeiros anos as compras de gêneros alimentícios, querosene e roupas eram feitas em Londrina. Antes da chegada do trem demandava um dia inteiro a viagem de ida e volta (quando não chovia).
Nos primeiros anos não havia médicos, farmácias e hospitais. Quaisquer emergências tinham que levar o paciente até Londrina onde a Companhia de Terras mantinha um hospital rústico.
Nos primeiros anos (e por mais de uma década) os pioneiros consertavam as estradas rurais através de mutirão. Depois de cada chuva mais forte eles se reuniam na “venda” mais próxima e combinavam o dia e horário do mutirão.
As primeiras escolas rurais, não só a colônia italiana, mas em conjunto com outras colônias, foram construídas também em forma de mutirão.
Com doações de todas as colônias também foi construída a igreja matriz católica. Havia um grupo de pessoas designadas pelo padre Herions para visitar todos os sitiantes e fazendeiros. As doações eram feitas na maioria em forma de sacos de café. Depois de marcado em um livro, a paróquia mandava um caminhão passar em todas as propriedades para o transporte. O café ia direto para a máquina de café onde gerava um crédito em dinheiro.
A maioria das festas eram feitas nos povoados, conhecidos por patrimônios. Ex. Bandeirantes, Jaú, Pitangueiras, Floresta, Jaborandi, Ribeirão Vermelho, Bartira, Cafezal, Pinheirão, Caramuru e km.5. Festas juninas e do padroeiro do lugar.
Nas festas juninas havia fogueira, bolos, biscoitos, bebidas de chocolate, anisete, bebida com amendoim, pipoca e batata doce. Erguia-se o mastro do santo e em seguida o povo soltava fogos e rojões. À meia noite na festa de São João muitos passavam descalços em um tapete de brasas. Era o exercício da fé. Hoje não se vê mais isto em lugar nenhum.
Nas festas do padroeiro era servido: Leitoa e frango assado. Arroz, salada de batatas, macarrão e polenta com molho vermelho. A cerveja era apenas refrescada dentro de vasilhas com água. Havia também a guaraná antártica de 300 ml.
Outra diversão dos italianos e outras etnias eram os bailes debaixo de barracas de lona. A música vinha sempre de um sanfoneiro, acompanhado de violão (às vezes). O duro era a poeira que subia e entravam pelas narinas e sujavas as roupas dos frequentadores.
Depois de algumas décadas, com o crescimento da cafeicultura, muitos pioneiros adquiriram mais áreas, diversificando as culturas, comprando caminhões, tratores e colheitadeiras. Muitos viraram fazendeiros.
Depois de algumas décadas, com o crescimento da cafeicultura, muitos pioneiros adquiriram mais áreas, diversificando as culturas, comprando caminhões, tratores e colheitadeiras. Muitos viraram fazendeiros.
Os italianos são um povo muito trabalhador, cristão, ordeiro e honrado. Contribuíram muito com o desenvolvimento de Rolândia e de todo o norte do Paraná. Trabalharam muito (e ainda trabalham) para que houvesse esta transformação maravilhosa. Se hoje temos uma região próspera, com uma agricultura moderna, comércio eficiente e uma indústria competitiva, devemos muito a eles.
Não só os italianos, mas todas as etnias que fizeram aqui um trabalho lindíssimo que pode ser copiado em qualquer lugar do planeta.
Rolândia deve muito ao trabalho dos italianos, alemães, japoneses, portugueses, espanhóis, húngaros, libaneses, suíços, judeus, etc.
Deus abençoe Rolândia e seu povo.
Feliz Aniversário.
JOSÉ CARLOS FARINA
NOTA: Foto dos pioneiros José Farina e Luiz Chiaratti.