JOSÉ CARLOS FARINA, BLOGUEIRO E YOUTUBER

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ROLANDIA E O NORTE DO PARANÁ

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

OS PRIMEIROS PÍONEIROS DE ROLÂNDIA

Um resgate familiar.

Falando de imigrantes não podemos deixar de falar dos pioneiros ( década de 30) , isto é, aqueles que chegaram quando tudo era nada. Foi assim que a família formada pelos primos, irmãos, cunhados Ernest ( filhos: Rene e Rute) ,Gulzow (filhos Horst e Hilda) , Tolkmith ( filho Alfredo) chegaram em Rolândia: tudo era mato cerrado, tudo estava por ser feito, tudo a ser inventado. O carpinteiro Tolkmith logo, logo desenvolveu sua habilidade e foi exímio construtor. Entre as obras que inicialmente realizou com outros companheiros , está o Hotel Rolândia (iniciado e concluído em 1934), Igreja Metodista Alemã, Hotel Estrela (1934/1935), etc.,etc. A mata era enorme e tornava abundante a madeira para a construção, por isso tudo foi feito em madeira com raríssimas exceções. A família Gulzow /Ernest, dedicou-se ao Hotel Estrela e à agricultura. Ao mesmo tempo, habilidoso com os animais Her Ernest tornou-se veterinário por excelência. Era assim mesmo, múltiplas funções para um lugar que exigia múltiplas habilidades.
Mathias Rausch com seus filhos (Guilherme, Mathias Filho e Margarida), fixa-se em Londrina onde dedica-se ao comércio e à agricultura. Seus filhos Guilherme e Mathias Filho tiveram a visão da oportunidade de ter veículos para transporte de pessoas e não tardaram em ter os primeiros “carros de aluguel” já que não havia ainda trem que facilitasse a mobilidade tanto dos moradores como dos que chegavam de vários lugares buscando a fertilidade do solo.
E assim, de Londrina para Rolândia, chega o jovem Mathias ao coração da jovem Hildegard Gulzow. Mas não pense que era fácil: o caminho era o mesmo de hoje mas no meio da mata cerrada, de terra e quando chovia, de lama – era uma aventura ...
O casamento foi realizado em Rolândia e registrado em Londrina, por absoluta falta de cartório civil . Horst também casou em Rolândia. Tiveram filhos , Walter, Elsa e Margarida (Hilda e Mathias) e Kurt, Edite, Horst F. e Rute (Horst e Elza). E eles, por sua vez já casaram e procriaram. A família Gulzow mora no mesmo endereço de 1934. Os Rausch, mudaram. Os Ernest moram em Londrina, os Tolkmith moram em Rolândia.
Impressiona a disposição que tiveram: no sitio, derrubar a mata, aproveitar a madeira, limpar o terreno para que pudessem plantar – tudo manualmente. Para derrubar as enormes árvores usavam o serrote traçador ou a serra portuguesa movidos por duas pessoas, para limpar usavam foices de diferentes tamanhos; para preparar queimavam e depois passavam o arado puxado por um cavalo e guiado por uma pessoa; só depois plantavam usando semeadeiras manuais para os grãos e as mãos para o café. Tudo dependia de muito esforço e suor. E esperavam com muito trabalho e paciência pelos frutos. No hotel: preparavam os sucos com frutos da temporada através de um processo simples mas próprio para armazenarem para todo o ano. Para ter leite, criavam na chácara (onde até hoje vivem os Gulzow) três a quatro vacas, aproveitavam a nata para fazer a manteiga e os cremes para colocar nas deliciosas tortas e do que restava, vinham os queijos. As frutas serviam também para fazer geleias; os legumes para conservas. Não havia geladeira, o armazenamento era no subsolo (tipo adega) que conservava tudo por um ano ou mais ( Essa adega tinha entrada pela cozinha e serviu também de abrigo para a família quando no termino da 2ª guerra, por serem alemães, o hotel Estrela foi apedrejado). A vida não foi fácil. Foi digna, honrada.
A cidade ainda não possuía clubes sociais, o Hotel Rolândia era dedicado a receber imigrantes, o que dificultava o uso por terceiros, o Hotel Estrela, do casal Herr Ernest e Hulda Gulzow podia ceder suas instalações para as reuniões sociais. Exímia cozinheira Hildegard (Hilda) juntamente com Elza que depois casou-se com Horst Gulzow, preparavam banquetes para todos os paladares. Muitas foram as festas realizadas com presença de notáveis da sociedade rolandense. Mas o Hotel Estrela também serviu nas dificuldades da população - duas epidemias, sem leitos hospitalares, o hotel cede suas acomodações para tratar os doentes; parturientes também locavam acomodações para ganharem seus bebês mais perto dos médicos. Hilda, através das orientações médicas e da prática constante tornou-se “enfermeira prática” que tinha a mão muito leve ao aplicar injeções... acabou sendo uma das primeiras enfermeiras do Hospital Alemão. Horst desenvolveu sua habilidade mecânica ao trabalhar uma forma mais fácil de tirar água daqueles poços tão fundos- mecanizou de forma manual e posteriormente, elétrica, bombas de puxar água do poço com menor esforço. Foi encanador muito hábil. Sabia fazer de tudo um pouco ou quase sempre, muito.
Esse era o imigrante pioneiro – não tinha medo de fazer e de aprender para fazer. Não tinha medo de inovar e o trabalho duro ajudava a esquecer a pátria saudosa. A leitura era refúgio e anelo, lembrança da terra distante, muitos livros de vários autores alemães vieram na bagagem. A fé em Deus, os cânticos foram o alicerce alegre para crescer com a cidade e fazer inúmeros amigos de todas as nacionalidades - além de hospitaleiros eram receptivos e amáveis.
Sabiam com segurança que viviam um momento histórico por isso registraram tudo em fotografias preservadas e que são testemunho do pioneirismo dessa família, que não tem registro na história oficial e nem se preocupou com isso. Sabiam o que faziam e porque faziam. Seus descendentes, entre eles os netos, meus filhos, se orgulham deles e procuram seguir os exemplos de dignidade, trabalho, honradez, que receberam como herança maior. É um pequeno resgate para exemplificar o verdadeiro amor ao trabalho, à honra, tão desgastados nos dias atuais, e homenagear aqueles que tornaram possível a vida em Rolândia.
Else Luiza Rausch


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

FREDERICO TOLKMITT PRIMEIRO CARPINTEIRO DE ROLÂNDIA

O  alemão Frederico Tolkimitt foi um dos  primeiros moradores de Rolândia. Talvez o primeiro, pois chegou em 29 de junho de 1934, contratado que foi por Eugenio Victor Larionoff, para construir a primeira edificação da cidade, o Hotel Rolândia.

Depois do término da construção do Hotel Rolândia, Frederico foi contratado por famílias alemãs e judias para outras obras, dentre elas, as sedes das fazendas Bimini e Belmonte.

Conversei hoje com um dos netos do saudoso Federico , o Aroldo. Ele me disse que tem guardado muitas ferramentas do avô e está interessado em doá-las para o museu histórico de Rolândia.

Um abraço a família Tolkimitt. As nossas homenagens.

JOSÉ CARLOS FARINA ( texto e foto )




CASA ABANDONADA DO CASTELO

CORTE DE ÁRVORES EM ROLÂNDIA

TURISMO ROLÂNDIA

PRÉDIO HISTÓRICO ABANDONADO EM ROLÂNDIA