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ROLANDIA E O NORTE DO PARANÁ

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ESCRITOR DOMINGOS PELLEGRINI ESCREVE SOBRE DANIEL STEIDLE E A FAZENDA BIMINI DE ROLÂNDIA - PR.


 Fazenda Bimini
 Diante das piores notícias, Dalva diz que não devemos nos amargurar, pois o  mal produz mais notícias que o bem, e as pessoas boas fazem coisas boas em  silêncio. 

 Passamos a manhã de sábado na Fazenda Bimini, ali em Rolândia, pertinho de  São Martinho, onde a família Steidle arrenda a maior parte da propriedade e,  no restante, plantou árvores nativas que não tem qualquer intenção de cortar  ou vender. 

Quanto menos a gente lida com dinheiro, mais felizes somos – diz Daniel,  enquanto mostra sua lagoa, onde seus meninos brincam com bóias de pneus.
 Depois tomamos banho no tanque da fonte, com fundo de pedra, água fria e  gostosa como só a água das fontes. 
 Vamos visitar o terreirão, onde a fazenda antigamente secava café, hoje  serve para receber gente que vai apreciar o silêncio, a paz, o canto dos  passarinhos, a convivência na simplicidade.
 Em volta, silenciosos e dignos, grandes barracões de peroba guardam  utensílios antigos, num museu que ganha vida com o entusiasmo de dona Ruth  lembrando que cada coisa, ali, tem história para contar. 
São velhas ferramentas, malas, baús, privadas, louças, baldes, móveis, tudo  a nos olhar como a dizer: -Não tenham pressa, o tempo passa mais depressa  para os apressados...
 Num salão com toras para a gente sentar, Daniel tira duma caixa uma  cascavel, coloca no piso de tijolões antigos e mostra como a cobra, tão  temida e quase sempre massacrada, é um bicho tranqüilo, que só quer viver em  paz e caçar algum rato de vez em quando. 
Enquanto isso, sua mulher Dora e os meninos Endí e Erê amamentam, com  mamadeiras, filhotes duma gambá que um dos cachorros matou. 
Nos oferecem bananas deliciosas como só mesmo as colhidas no pé e no tempo  certo. Comemos pãezinhos de centeio com queijo temperado com alho cru,  tomando chá de ibisco, tudo muito simples e muito gostoso.
 Em volta do barracão, estão pendurados quadros pintados por crianças  visitantes. 
Perguntamos o que ganham recebendo os quatro mil visitantes anuais para educação  Ambiental e artística, riem abrindo os braços:
Ganhamos isso! 
 Entenda-se que “isso” é tudo: o frescor da mata, o canto dos passarinhos, a  alegria de receber e conhecer gente, a felicidade dos meninos sempre  sorridentes.
Daniel arranca uma muda de bananeira para a gente levar. 
Viemos pensando que haveria uma taxa de visitação, mas nada cobram, nada  recebem. Ou recebem tudo “isso”. 
Então digo que lhes mandarei livros, que já devem estar lá quando esta  crônica for publicada.  Mas nada paga a crença entusiasmada da Família Steidle num mundo melhor, e  eles são a evidência de que esse mundo já existe. 
 Ali, na Fazenda Bimini, ou no coração de quem quiser adotar seu lema:
 -É preciso muito pouco dinheiro para viver bem, se a gente amar as coisas  simples e simplesmente viver.
DOMINGOS PELLEGRINI

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