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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Daisuke Soga no Zerão de Londrina domingo 15 horas

JORNALDELONDRINA

Maestro japonês Daisuke Soga apresenta neste domingo, no Zerão, a obra que compôs para o teatro londrinense consumido pelo fogo

Foram as redes sociais que avisaram o maestro japonês Daisuke Soga sobre o incêndio no Ouro Verde, em fevereiro deste ano. Apenas duas horas depois do fogo começar a consumir o espaço, Daisuke já via as primeiras imagens publicadas no Facebook: chamas e fumaça, exaladas do mezanino. Uma tristeza se apoderou do maestro, que tem por Londrina um carinho especial. Ele ligou para a Alemanha, acordou o pianista Marco Antonio de Almeida e avisou o amigo sobre a tragédia. Desde então, passou a pensar numa homenagem ao teatro.
Professor do Festival de Música de Londrina (FML) já há alguns anos, Daisuke regeu diversos concertos no palco do Ouro Verde. E por causa do incêndio, quis homenagear o espaço, a cidade. “Soube da tragédia vendo imagens no Facebook. Eram 6 horas no Japão. Falei com Marco Antonio e propus escrever uma peça”, conta o maestro. Chamou a sinfonia de Phoenix, em referência ao pássaro que ressurge das cinzas. “Logo pensei: o que vou escrever? Será que escrevo samba?”
Concerto terá Bizet, Mascagni, Strauss e Gonzagão
O repertório do Concerto Azul Caixa, domingo, às 16 horas no Zerão, traz, além da Sinfonia Phoenix, obras de Bizet, Mascagni, Luiz Gonzaga e Strauss. O concerto em homenagem ao Teatro Ouro Verde contará com a Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel), regida pelo maestro japonês Daisuke Soga, com participação do Coro da UEL e músicos convidados. A princípio, a apresentação inicia com Suíte Carmen nº 1, de Georges Bizet. Em seguida, Regina Coeli, de Mascagni, com participação dos coros da UEL e do festival. Depois da sinfonia do maestro japonês Daisuke Soga, uma série de músicas de Luiz Gonzaga, chamadas de Gonzaguiana. Para encerrar, Peccato Polka, de Johann Strauss.
“Depois de uma tragédia temos sempre forte um sentimento de tristeza. Mas, depois de uma tragédia, nasce algo novo para o futuro”, declara o maestro japonês. E de renascer Daisuke entende. Em março do ano passado ele viu o próprio país em desespero quando um terremoto seguido de tsunami atingiu o Japão, matando mais de 6 mil pessoas. Ou então, décadas atrás, cita quando bombas atômicas atingiram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. “Os homens disseram que nunca mais seria possível fazer um bosque. E sete meses depois das bombas, já havia a árvores novas”, diz.
A tragédia sempre deve vir seguida de um pensamento positivo, avalia Daisuke. “A mentalidade dos homens sempre tem um pensamento para o futuro. Não podemos viver sem uma projeção otimista”, avalia. A música traduziria esses sentimentos, seja de tristeza ou alegria. “A música é importante para emoções de tristezas, mas também para o otimismo. Por isso pensei numa peça de 15% de tristeza e mais 85% otimista”, ressalta. Para retratar a tristeza, uma sinfonia lírica. Para traduzir o sentimento de esperança Daisuke escolheu mesmo o samba.
A sinfonia, que será executada pela Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel), demorou uma semana para ficar pronta e tem sete minutos de duração. “Quando vou escrever algo, demoro pouco tempo. Mas antes de escrever, preciso de tempo para pensar. Preciso ler livros de filosofia. É como uma mãe, que demora nove meses de gestação e, na hora do filho nascer, é num instante”, revela. A motivação da obra é também o que o leva a escrever peças. “Não gosto de compassos inúteis. Nem de prolongar. Tem que ter um objetivo”, aponta. A música vem acompanhada de poesia, escrita também pelo maestro: “enquanto existir, não sentimos que é importante. Mas quando perdemos, percebemos o valor”, diz a letra. “Tudo no universo que foi reduzido a fogo e água, renascerá”, deseja Daisuke em sua homenagem.
Serviço: A Sinfonia Phoenix será regida pelo maestro Daisuke Soga e executada pela Osuel, domingo, a partir das 16 horas, no anfiteatro do Zerão, dentro do FML. Grátis.

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