FOLHA DE LONDRINA
Nesses holerites constava a frase: ''Rolândia vive um excelente momento. E isso não pode parar. Além da UTI, asfaltos e casas, após 14 anos, os rolandenses serão beneficiados com uma nova escola estadual e um novo posto de saúde, unidade da mulher e da infância e três novos conjuntos residenciais.''
Fazer inscrições sobre obras executadas pela prefeitura no holerite dos servidores foi uma prática comum neste último ano da administração de Lehmann. ''Como eram frases menos diretas e fora do período eleitoral, podem configurar improbidade administrativa'', avaliou Reis.
19/11/2012
Prefeito na RML é investigado por crime eleitoral
Adversários denunciam uso de holerites de servidores municipais para fazer propaganda eleitoral
O prefeito de Rolândia (Norte), Johnny Lehmann (PTB), reeleito em 7 de outubro, é alvo de investigação na Justiça Eleitoral porque teria inserido nos holerites de outubro (referentes ao pagamento de setembro do funcionalismo) uma frase de cunho eleitoral, com promessas ao eleitorado. A investigação foi solicitada pela coligação ''Pelo bem de Rolândia'', encabeçada pelo candidato derrotado à prefeitura Eurides Moura (PSDB). O pedido é para que o prefeito reeleito não seja diplomado, e, portanto, não possa assumir o novo mandato. O juiz da 59 Zona Eleitoral, Alberto José Ludovico, marcou a audiência do caso para 22 de novembro.
De acordo com o advogado Frederico Reis, da coligação que fez a denúncia, ''fica evidente a intenção eleitoral'' de Lehmann, porque os holerites foram entregues no dia 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno, e, normalmente, os comprovantes do pagamento de salários eram dados aos servidores no dia 8 de cada mês. ''Trata-se de uma conduta vedada aos agentes públicos'', disse o advogado.
Reis afirmou que se comprovada a irregularidade na Justiça Eleitoral, o prefeito poderia ficar impedido de assumir o cargo para o qual foi reeleito. ''Essa conduta pode resultar em multa e cassação da diplomação.'' Neste caso, disse o advogado, a cidade teria uma nova eleição porque Lehmann venceu o pleito com mais de 50% dos votos.
''Ficamos sabendo da irregularidade através de servidores, que desaprovaram a conduta do prefeito ao escrever aquela frase três dias antes da votação'', afirmou o vereador José de Paula (PSD), que apoiou Moura na campanha.
O advogado Guilherme Gonçalves, da coligação que reelegeu Lehmann, negou que o prefeito tenha praticado qualquer ato ilícito e atribuiu toda a responsabilidade a um servidor, que ''já está respondendo a uma comissão de sindicância''. ''Foi um ato isolado de um servidor e o prefeito não tinha conhecimento disso e não concorda com isso. Ele editou portaria antes das eleições destacando as condutas proibidas durante a campanha'', disse Gonçalves.
Questionado sobre o fato de ser uma prática comum inserir frases nos comprovantes de pagamento, o advogado disse que ''isso não prova que o prefeito soubesse dessa inscrição'' às vésperas da eleição.
Ainda de acordo com Gonçalves, ''um pequeno número de holerites'' foi impresso com a frase. ''E também é ingenuidade acreditar que o servidor se deixaria influenciar por uma frase no holerite'', argumentou.
Loriane Comeli - Reportagem Local
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