FOLHA DE LONDRINA
Gaeco prende delegado por envolvimento em esquema de pirataria
Policiais e empresários de Apucarana também foram detidos
Estabelecimentos que vendiam produtos falsificados foram lacrados pelos policiais
Apucarana – O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desarticulou ontem na região norte do Paraná uma quadrilha especializada na produção de bonés e camisetas falsificadas, produtos que abasteciam grandes centros comerciais da capital paulista como da rua 25 de Março e o Brás. A Polícia cumpriu 24 mandados de prisão e 46 de busca e apreensão nas cidades de Apucarana, Londrina e Cambé – 11 fábricas foram lacradas por determinação da Receita Estadual, além de lojas que revendiam produtos piratas. O delegado chefe da 17ª Subdivisão Policial de Apucarana, Valdir Abrahão, dois policiais civis e um militar estão entre os detidos.
A megaoperação Jolly Roger, nome alusivo à bandeira pirata, foi desencadeada depois de seis meses de investigação e envolveu mais de 100 policiais. A ação foi coordenada pelo Gaeco de Londrina.
Abrahão e os policiais foram detidos acusados de receber propina para garantir a livre atividade de violação de marcas, sonegação e lavagem de dinheiro. "A suspeita recai sobre o fato de que empresários da cidade de Apucarana, produtores de mercadorias contrafeitas, pirateadas para ser mais claro, estariam promovendo pagamentos periódicos para agentes policiais. Teriam constituído entre si uma espécie de organização com a finalidade de efetuar esses pagamentos", explicou o promotor Claudio Esteves.
O Gaeco havia pedido a prisão do delegado Valdir Abrahão. No entanto, o juiz da 2ª Vara Criminal José Roberto Silvério rejeitou pedido por falta de provas. "Em tese, ele saberia de tudo, coordenava tudo e o grosso do dinheiro iria para as mãos dele", salientou o promotor do Gaeco, Jorge Barreto. No início da noite, no entanto, o mandado de prisão foi concedido.
O Gaeco obteve no bojo das investigações gravações telefônicas autorizadas pela justiça, vídeos e fotografias documentando os encontros dos empresários com agentes públicos. Em depoimento, um deles confessou o pagamento de R$ 3 mil por mês ao grupo para que os caminhões de produtos piratas não fossem apreendidos. "Isso é o que diz um empresário, mas 21 pessoas ligadas a empresas de confecções presas e 11 fábricas fechadas. Basta multiplicar valores e estimar a propina recebida pelos agentes públicos", comentou Barreto.
Os detidos durante a operação Jolly Roger serão indiciados por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica, além de corrupção ativa e passiva (um investigador também vai responder processo por tráfico de drogas).
Os empresários detidos foram encaminhados para a segunda unidade da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II). Já o PM, para a sede do 5º Batalhão. Os investigadores e o delegado seriam conduzidos para Curitiba. Os agentes vão responder processo junto à Corregedoria e podem ser exonerados das funções.
O Gaeco ainda deve realizar diligências sobre o fato nesta semana. Auditores das receitas Estadual e Federal passam a analisar os documentos contábeis das empresas. Milhares de materiais produzidos pelas indústrias foram apreendidos e estão armazenados em galpões.
O delegado Ítalo Sega, que estava em Jandaia do Sul, vai assumir a chefia da Polícia Civil em Apucarana.
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