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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MAU HÁLITO PODE ATÉ MATAR O PORTADOR

Mau hálito pode causar doenças graves

Halitose não é só uma questão de higiene; pode indicar que a pessoa está doente e provocar problemas vasculares, coronários e pulmonares
Shutterstock
Utilização do fio dental aliada a escovação adequada dos dentes reduz a chance do aparecimento do problema
O constrangimento que envolve o mau hálito ocorre porque as pessoas acreditam que ele está relacionado apenas a má higiene bucal, mas na verdade a causa é multifatorial e pode estar relacionada a distúrbios gástricos, respiratórios, e até mesmo a insuficiência cardíaca e câncer. 

O problema, que atinge cerca de 30% da população brasileira, é chamado de halitose por especialistas quando se torna crônico, e também é considerado grave porque bactérias da boca podem entrar no sistema circulatório e causar sérios problemas ao organismo, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), parada cardíaca, artrite reumatoide reacional, pneumonias, e até abortos. 

A dentista Olinda Tarzia, professora de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Bauru, especialista na área, afirma que quando o problema do mau hálito é esporádico, ele pode ser resolvido com reforço na higiene bucal e lingual, mas se o problema for crônico, é fundamental buscar ajuda profissional de um dentista. "Sabemos que 90% dos problemas relacionados ao mau hálito têm origem mesmo na boca, e a região responsável é o dorso da língua, onde se acumulam bactérias da flora bucal que digerem as proteínas dos restos alimentares e liberam substâncias com mau cheiro", explica. 

Fluxo salivar
A placa bacteriana que se forma na língua e gera o mau hálito pode desencadear problemas periodontais. "Muitas vezes o hálito pode ser desencadeado pela respiração bucal, corrimento nasal, e até por alterações intestinais", afirma. De acordo com a dentista, o segredo da halitose está no fluxo adequado de saliva. Ela ressalta que alguns medicamentos reduzem o fluxo salivar favorecendo a instalação da placa bacteriana. "As pessoas com estresse agudo também tendem a reduzir o fluxo salivar, e por isso podem apresentar halitose", acrescenta Olinda. 

Pesquisas apontam que o problema é comum nas pessoas com mais de 50 anos e que chega a atingir até 85% dos idosos. Para solucionar a questão, é preciso identificar e tratar o motivo que está possibilitando a reprodução e permanência das bactérias na língua. "Verificamos a intensidade do hálito e definimos o tratamento mais adequado. Em alguns casos é preciso usar antibióticos, corrigir o fluxo salivar e a descamação da mucosa", afirma. A dentista recomenda a lubrificação da mucosa bucal durante a noite, com a utilização de produtos específicos. 

No caso dos pacientes que apresentam respiração bucal, o tratamento da halitose pode incluir a realização de uma cirurgia. "O tratamento sempre requer a correção do fluxo salivar, que é uma alteração sistêmica e de causas variadas", aponta. 

A prevenção do problema é simples e conhecida por todos. A escovação adequada dos dentes seguida pela utilização do fio dental já reduz bastante a chance da halitose aparecer. "Quando a pessoa sabe que tem mau hálito geralmente passa a escovar os dentes com mais frequência, mas a maioria desconhece a importância do fio dental", destaca a dentista. 

Olinda salienta ainda sobre a relevância da limpeza da língua. Segundo ela, as bactérias que causam mau cheiro ficam na massa esbranquiçada que se forma sobre a língua. 

Outra forma de prevenir o problema é estimular o fluxo salivar mastigando alimentos duros, ácidos ou azedos. "Há produtos específicos que estimulam a salivação, mas se a pessoa não tem acesso a estes produtos ela pode pingar gotinhas de limão na língua", orienta. 

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