FOLHA DE LONDRINA
19/03/2014
Jardins botânicos informais
Em Rolândia, áreas cultivadas por imigrantes alemães ao longo de décadas são consideradas verdadeiros tesouros genéticos de biodiversidade
Paixão
Na Fazenda Água do Canyon, a poucos quilômetros do Sítio Caiobí, Annelise Köhrmann Jung, de 99 anos, recebe visitas, com simpatia e boa vontade, na varanda alicerçada com troncos de peroba rosa lavrados no machado. A sala da casa dela contém um pequeno jardim de inverno, com algumas folhagens plantadas à beira da janela principal – um exagero, para quem pode desfrutar, do sofá, de uma paisagem deslumbrante: milhares de metros quadrados de um grande jardim que, de um lado, oferece trilhas calçadas com pedras mauá que levam a um emaranhado de folhagens em meio a árvores imensas. Do outro, ribanceira abaixo, o jardim alcança as margens do rio que dá nome à propriedade, unindo-se a um grande fragmento de mata original.
Ao lado da casa, equipada com uma estufa e um orquidário, há também magnólias vindas de Ourinhos (SP) e folhagens e palmeiras de Faxinal (PR). "Meu marido pegou mudas em todo canto. Ele viajava muito e trazia plantas, era a paixão dele", brinca ela, que se recorda dos tempos na Alemanha. "Lá não há essa diversidade toda, essa exuberância. No Brasil, é como entrar numa loja cheia de doces", compara. "Você quer ter seu paraíso até dentro de casa."
Da varanda, apoiada em uma bengala, olhos claros e os cabelos muito brancos, Anneli exibe um sorriso largo e a dentição perfeita quando fala das suas plantas e da vida que leva na zona rural de Rolândia. "Tenho grande sorte em viver aqui, com minhas companheiras".
Imagens Ricardo Chicarelli
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