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quarta-feira, 2 de abril de 2014

ANDRÉ VARGAS DIZ: " RELAÇÃO APENAS SOCIAL COM DOLEIRO "

FOLHA DE LONDRINA

Relação com doleiro era ‘social apenas’, diz Vargas

Deputado londrinense, que teve despesas de viagem de férias pagas pelo doleiro Alberto Yousseff, disse reconhecer que aceitar favor "foi um equívoco"

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
André Vargas: troca de mensagens com Yousseff foi interceptada pela Polícia Federal durante Operação Lava Jato
Depois de ter viajado com a família de férias no avião pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso há 15 dias pela Polícia Federal (PF), o deputado federal André Vargas (PT), vice-presidente da Câmara, disse que tem apenas "relações sociais" com o investigado. Em entrevista à FOLHA por e-mail, o deputado londrinense confirmou que conhece Youssef há 20 anos como "um grande empresário em Londrina, dono do Hotel Blue Tree", com quem manteria contatos "esporádicos". A viagem cujas despesas com o avião foram bancadas por Youssef, foi revelada ontem em reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo. 

A PF interceptou várias mensagens trocadas via celular entre o deputado londrinense e Youssef, um dia antes da viagem, que ocorreu no dia 2 de janeiro deste ano. O material foi identificado pela PF durante a operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em contratos suspeitos. Youssef seria um dos líderes do esquema. "Tudo certo para amanhã", diz uma mensagem originada do celular do doleiro. "Boa viagem e boas férias", deseja Youssef em outro comunicado. 

"Procurei-o sabendo que ele havia sido dono de um hangar e conhecia a área. Tratavam-se de oito passagens de ida e volta, de Londrina a João Pessoa (PB), e estimava as despesas com combustível do avião em torno de R$ 20 mil", justificou Vargas, por e-mail. Apesar de afirmar que naquele momento desconhecia as acusações que pesam contra Youssef, o deputado reconheceu que foi um erro ter se beneficiado do avião. "Reconheço que foi um equívoco ter aceitado, o que eu lamento." 

Em outra conversa, segundo a Folha de S.Paulo, Vargas e Youssef discutem assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde e envolveria a empresa Labogen, investigada na operação Lava Jato, porque teria sido usada para remessas ilegais de dinheiro ao exterior. O petista teria dito que "a conversa com Gadelha foi boa demais". Carlos Gadelha é secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do Ministério. Vargas disse que "orientei-o a respeito de encaminhamentos burocráticos em tratativas da Labogen com o Ministério da Saúde, para parceria na produção de medicamentos, como faço normalmente com quem procura nosso gabinete". "Encontrei no aeroporto um representante da empresa, que estava em Brasília, e ele comentou que havia feito uma boa reunião no Ministério, informe que repassei ao Youssef", complementou. 

Youssef segue preso em Curitiba, desde que a operação Lava Jato foi deflagrada. A reportagem não conseguiu com a defesa do doleiro.

Edson Ferreira
Reportagem Local

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